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Cordel-->O PROFESSOR E O DEPUTADO -- 25/05/2006 - 23:03 (LUIZ CARLOS LEMOS) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O PROFESSOR E O DEPUTADO

Autor: Luiz Carlos Lemos


O Amigo Leitor, permita
Primeiro, pedir a Deus
Que ilumine os versos meus.
No assunto que vou tratar.
O caso é muito sério
E eu não faço mistério
Do lado que vou ficar.

O Senhor Onipotente
De Toda Sabedoria
Vai me ajudar neste dia
A cumprir minha missão.
Que eu possa, fielmente
Retratar à minha gente
A estória em questão.

Ao Leitor, neste momento
Eu só peço a caridade
De me escutar com bondade
E um pouco de paciência.
A estória que eu conto
Presenciei, ponto a ponto
Pra contar com transparência.

Pois bem, foi numa cidade
Chamada de Cafundó,
Situada, vejam só:
No país do Carnaval,
Que esse fato se deu.
A testemunha fui eu
Se conto, não leve a mal.

Conforme vi no jornal
Numa sessão do Plenário
De modo bem temerário
Um tal “Senhor Deputado”
Sem ter o menor temor
Declarou que o Professor
Era um desocupado.

O fato virou manchete
Fez furor em toda Imprensa
Uns diziam: “É ofensa!”
Já outros, acharam certo.
O Deputado valente,
Sorria, todo contente,
Se achando muito esperto.

Sendo, pois, um deputado,
Metido a sabichão,
Notou que a situação
Muito lhe favorecia.
“Eu estou em evidência,
E esta experiência
Vou repetir todo dia!”

No dia seguinte estava
De novo, lá na bancada.
A palavra lhe foi dada
E ele assim falou:
“Caros correligionários
Eu sou contra salafrários!
Indignado eu estou!

Grande salva de palmas
Ecoou pelo salão.
Deputados de plantão
Aplaudiram o “herói”
Quem não é achincalhado
Não se sente acovardado
Porque não sabe onde dói!

E continua a falar
O “Ilustre Deputado”:
“Ontem eu fui chamado
Nesta mesa, pra depor.
Pediram-me opinião
Sobre importante questão
Que eu falasse, por favor.

A questão era a greve
Dos Professores, minha gente.
Eu ponderei, seriamente
E mandei o meu recado:
Falando com destemor,
Eu disse que o Professor
Era um desocupado!

E disse mais, meus amigos,
Pois não teme quem não deve.
Eu disse que essa greve
Não tinha o menor sentido.
O professor se contente!
Já ganha o suficiente
Por que faz tanto alarido?

Um bando de exploradores
Isto sim, é o que eles são!
Explorando a Nação
Achando que são os reis!
Já chega de confusão
Chamemos a sua atenção
Mostrando a força das Leis!

O Plenário veio abaixo
Com o aplauso retumbante
O Deputado, importante,
Achava-se o maioral.
Os colegas aplaudiam
Elogios proferiam
Ao discurso genial.

Mas, quando se fez silêncio
Ali, naquele ambiente
E o Deputado, contente
Da tribuna ia sair
Lá do fundo do salão,
Pro espanto da multidão,
Uma voz se fez ouvir:

“Com licença, Deputado,
Espere só mais um pouco.
Talvez eu seja um louco
No que pretendo fazer.
Mas peço, com educação
Dê-se sua permissão
Pois quero lhe responder!”

O deputado assustou-se
Com a firmeza da voz.
E perguntou, já feroz,
A que devo essa ousadia?
Por acaso, eu te conheço?
Ofensa eu não esqueço...
Cuidado com a valentia!

E o Professor, muito calmo,
Disse ao Deputado:
Eu sou o “desocupado”
Conforme disse o senhor.
Mas aqui não me atrapalho
Pois vivo do meu trabalho
Honesto, de Professor.

O senhor falou primeiro
Seus colegas aplaudiram
Sem pensar no que ouviram
Se era justo ou não.
Vou então lhe responder
E este povo vai ver
Quem tem, de fato, razão.

Respondendo ao seu discurso
Eu começo lhe dizendo
O povo inteiro está vendo
Quem só não vê é o senhor
Que, na luta pela vida,
Quem sofre mais, nessa lida
É o pobre do professor.

Teria o senhor coragem
De aqui, neste plenário
Declarar o seu salário
Sem esconder um vintém?
Quem é que tem mais dinheiro?
O senhor é fazendeiro...
E o professor nada tem!

E quantas horas por dia,
Quantos dias por semana
O senhor, que se ufana,
Trabalha mesmo, em verdade?
Se eu trabalhasse tanto,
Deputado, eu te garanto
Vivia de caridade!

Todo dia eu me levanto
Às cinco horas, Doutor.
Eu sou um trabalhador
E não tenho carro não!
E não vou pelo atalho,
E para ir ao trabalho
Eu pego é condução.

E o senhor, Seu deputado,
Já andou de condução?
Já ficou de prontidão
Num ponto, de madrugada?
Senhor já foi assaltado
E logo depois machucado,
Só porque não tinha nada?

Às sete horas começo
O primeiro expediente.
Ao meio dia é que a gente
Engole e sai com pressa..
E depois, mais condução,
Outra escola, outra missão
E a luta recomeça!

E quando a noite chega
Sem ao menos ter jantado
Outra escola, Deputado,
Ainda vou enfrentar.
São três turnos, todo dia
E o senhor inda dizia
Que sou um desocupado!!!

E nessa hora, Doutor,
Por favor, me diga onde
Onde é que senhor se esconde
Pra ninguém lhe encontrar?
O telefone, ocupado.
E um segurança armado
Que nunca me deixa entrar!

Será que está na piscina
Da sua rica mansão?
Será que em reunião
Fechada, neste plenário?
Pelo que eu já aprendi,
O senhor só vem aqui
Pra receber o salário!

E o meu salário, Doutor.
Quando chega o fim do mês,
Já foi todo de uma vez
Pois pobre paga o que deve.
Com o salário defasado
O Professor, explorado
Declarou que está em greve!

Desocupado, Doutor?
Tenha um pouco de respeito!
O senhor, que foi eleito
Pelo voto deste povo!
O povo votou errado
Mas se for achincalhado
Pode não votar de novo!

Ainda tem outra coisa
Que eu quero lhe dizer.
Se o senhor quer entender,
Por favor, preste atenção.
Nada há, mais importante
Para o povo, neste instante,
Do que a Educação.

Se o senhor é letrado,
Se escreve e fala bem,
O senhor deve isto a quem,
Senão a seu professor?
A juventude carece
Do saber, que enaltece
A todo trabalhador!

Imagine, pois, o mundo
Sem escolas, sem cultura!
Seria a sepultura
De todo e qualquer progresso!
E o senhor, um Deputado,
Não estaria assentado
Na cadeira de um Congresso!

E como eu te conheço,
Nem é preciso falar...
Não sabendo trabalhar
Em serviço mais pesado,
Como ia sobreviver,
Sem trabalhar, sem comer,
O meu caro deputado?

Falar contra o professor,
Tentando manchar-lhe o nome
Vai é condenar à fome
Toda nossa juventude!
Sem preparo, sem escola,
Ela vai “correr sacola”,
Sem achar quem lhe ajude!

Chamar de desocupado
Um trabalhador honesto
Eu não aceito... e protesto
Só um louco age assim.
Por tamanha negligência
Há de vir a conseqüência
E vai ser muito ruim...

O povo está informado
E sabe quem tem razão,
Rádio, televisão,
E jornais já informaram
Seu discurso deprimente
E o povo está ciente
De todos, que te apoiaram!

Espere só, Seu Doutor,
A Justiça nunca falha
Difamar a quem trabalha
É falar sem ter noção!
Mas, se disso o senhor gosta,
Espere pela resposta
Do povo, na eleição!

Nem vaga de professor
O senhor terá, então.
Não temos “corrupção”
Como matéria escolar.
Diga então, meu amigo,
Pra se livrar do perigo,
Como é eu vai se virar?

Terminando, eu peço a Deus
Que tenha dó do senhor.
Que ofendeu o professor
E não está preocupado.
Professor sempre eu serei
Com orgulho, pois eu sei
Que meu trabalho é honrado.

Agora, eu me pergunto,
E a resposta eu não sei.
De acordo com a Lei,
Que rege o nosso Estado,
Quem hoje está eleito
Será que tem o direito
De ser sempre Deputado?...

Terminando, o Professor
Sentou-se, aliviado.
Ele tinha extravasado
Um sentimento oprimido.
Olharam por todo lado.
Onde está o Deputado?
Não sei... já tinha sumido!

Neste país é assim:
Tudo envolto em mistério.
Na hora de falar sério
Não aparece ninguém.
Só uma coisa me anima
Deus vê tudo, lá de cima
E dá razão a quem tem.

Professores, sempre unidos,
Lutando por seus direitos
São homens, não são perfeitos
Mas buscam, honestamente
Melhorar a condição
De toda uma nação
Que trabalha, diligente.

Problemas todos nós temos
Roteiros de muita dor
Onde houver fé e amor
Fatalmente venceremos!
Estes versos escrevemos
Somente pra declarar:
Solidários, irmanados,
Onde existir explorados
Rimando, vamos lutar!

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Juiz de Fora - MG - Maio / 2.006
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