***** "IDA E VOLTA" *****
Autor: Luiz Carlos Lemos
Me casei tem vinte anos
E foi só felicidade
Minha esposa, na verdade
Não me trouxe desenganos.
Não tive perdas nen danos
Nem de noite, nem de dia.
Minha sogra eu não via
Pois a dita nunca estava
Quando eu ia, ela “vortava”
Quando eu “vortava”, ela ia.
Eu morei no Catolé
Ela, no Cariri
Me mudei pro Ipotengi
E Ela pro Itambé
Com amor e muita fé
Meu casamento vivia
Tinha paz e harmonia
E “véia” não “trapaiava”.
Quando eu ia, ela “vortava”
Quando eu “vortava”, ela ia.
Até que um dia, seu moço
Meu sogro foi quem morreu.
Minha sogra entristeceu
E foi ao fundo do poço.
E foi um angu de caroço,
Do jeito que eu não queria.
Lá em casa, moradia
A “véia” agora assentava!
Quando eu chegava, ela “tava”!
E era todo santo dia!
Dois meses, essa tortura
Eu ainda suportei.
Depois eu não aguentei
E disse, na cara dura:
- Sua mãe não me atura
Chega dessa arrelia!...
Eu vou-me embora, Maria!!!
E o casamento acabava!
Eu saíndo... ela chorava.
E a “véia” ainda “surria”!
E eu fui-me embora, doutor,
Abandonando a “famía”.
A velha cum mais a “fia”
Se avexaram, não senhor.
Fiquei triste, sem amor,
Foi-se embora a alegria!
A partir daquele dia,
Felicidade “fartava”.
Quando eu ia, ela “vortava”
Quando eu “vortava”, ela ia.
Mas o tempo, meu amigo
“Trabaiava” em meu “favô”.
A Maria se danou
A sonhar sempre comigo.
E no sonho, eu não lhe digo
O que que a gente fazia!
Eu só sei que a Maria
Confirmou que me amava.
Quando eu ia, ela “vortava”
Quando eu “vortava”, ela ia.
E “danô-se” a brigar
Com a mãe dela, sim senhor!
Foi a “farta” de amor
O que fez ela mudar.
E, doutor, pra completar,
A velha sempre dizia:
Não seja besta, Maria
O traste não te amava!
Quando eu ia, ela “vortava”
Quando eu “vortava”, ela ia.
Um dia, não teve jeito:
A casa caiu de vez.
Uma grande briga se fez
As duas, no peito-a-peito!
Depois do furdunço feito
Remediar, não podia.
Um laço que se rompia
Não tinha mais quem atava!
Quando eu ia, ela “vortava”
Quando eu “vortava”, ela ia.
A velha reconheceu
Que era ela, a culpada.
Sumiu-se... destrambelhada,
Nunca mais apareceu.
E foi nesse dia, que eu
“Quaje” doido de alegria
Para o amor de Maria
Feliz, em casa chegava.
A véia ia... eu “vortava”.
Se ela “vortasse”... eu sumia!!!
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Juiz de Fora - MG - Maio / 2.006
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