A poesia vive em mim vadia
brota como semente perdida
Fugidias palavras
Termos e idéias
Faço dos poemas
um veículos sem rodas
engenho e arte
nas pequenas obras
Rabisco no céu como nuvens
no lume do papel
a tinta o estrume
adubando a mente
na ausência de idéia
na obediente ordem da colméia
Escrevo o que penso lágrima e lenço
da ladainha ao contínuo "terço"
Teço a teia da inflamada veia
para degustar na noturna ceia...
Pinto-te, ó musa, em tela branca e pautada
no amor recitado na transa ensaiada...
Na retórica melosa o beijo e rosa
da imagem em movimento fêmea fogosa...
Canto-te e convido-te para dança
no sussurrar de molhada palavra mansa...
Cubro-te papel objeto em desuso
no vil poema novo recluso
No frio da tela acendo luz e vela
enquanto perdidas almas dançam de fronte a tela...
Exculpo-te poema em pedra
no pergaminho o mandamento:
Embeleze a vida do nobre ser Poeta,
deste desvie toda dor e seta...
Leis e normas rasgo-as com força
na emocional razão ditada forca.
Se amor falo em versos feito em candura
no deleite da noite sangue quente é cura.
Poeta, seja o céu pequeno e a terra finita
enquanto livres andar por essa eterna vida.