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Cronicas-->Acorda Brasil! -- 04/03/2003 - 16:18 (BRUNO CALIL FONSECA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Encontrei na gaveta de uma máquina de costura, o alfinete. Despertou-me logo um certo interesse. Alfinetes hoje estão em desuso, mas a imagem dele e a sensação de abrir a gaveta da máquina me remeteu a algo guardado dentro de mim, com certeza. Ele prendeu meus pensamentos. Abrir aquela gaveta era como se abrisse um verdadeiro arquivo ou, mais exatamente, a minha memória: agulhas, linhas, carretéis, retroses, dedal, moedas e dinheiro-papel que retornaram, montados no dorso do dragão, à condição original de metal e papel. Só para lembrar, chamavam o Dragão de inflação. O mesmo que o dilacerou guardou consigo um ovo e, hoje, faz ameaças de colocá-lo na chocadeira. A esse processo dá-se o nome de Risco-Brasil.

A máquina de costura também já teve seu tempo.Houve época em que foi considerada como símbolo de classe, assim como foi a televisão, o jogo de quarto bergamo, o fogão a gás... e hoje o microcomputador pessoal. Sim. O micro ainda não é artigo de consumo da maioria dos brasileiros. Mas gozado! A máquina, a tradicional máquina, que tanto sacos de algodão costurou, que frequentou casebres e casarões, que um dia foi artigo dos sonhos das donas-de-casa, continua altiva nos salões da alta costura. Naturalmente não estou falando numa máquina de costura que produz em série, que costura para a massa, que acabou com os sonhos de se abrir uma gavetinha e admirar as rendas, espichar elásticos e ludibriar-se com as lantejoulas.

O alfinete, no entanto, me intrigava mais do que a máquina. Então, o trespassei no chaveiro do meu carro. Havia decidido que ele tinha que ficar ali até que eu escarafunchasse toda a minha memória e encontrasse o que ele representou para mim. Qualquer coisa de bom ou de ruim: uma espetada no dedo; engolido acidentalmente por uma criança; enferrujado e enrustido numa anágua de amorim que minha avó usou; a semelhança com o percing que a garota atual usa na pálpebra e me choca ou apenas a prega da frauda com o cheiro gostoso de bebê cheio de vida, de sorriso, de alegria, de quem verdadeiramente faz você sorrir, faz chorar, se espatifar, que faz conjugar todos os verbos reflexivos na primeira pessoa e por último que faz morrer, se preciso for. Ou, quem sabe, apenas a metáfora que chama a atenção para os problemas sociais e económicos - um alfinete-de-cabeça com a cara do Brasil.

Mas para quê, alfinete? Antonio diz que não sobra dinheiro do salário para pagar a caderneta, mas que não faz mal, o armazém aguenta as pontas; Maria reclama que tem que trabalhar para ajudar Zé, mas no final dá graças a Deus porque é do salário dela que sobra para pagar a farmácia; Edmar sonha em ser recepcionista de hotel cinco estrela, mas já se conformou com o emprego de guarda noturno; Antonia já terminou a faculdade de Direito e sorri porque vai prestar o concurso para policia rodoviária Federal; Arnaldo desde criança sonhava conhecer as maravilhas do Brasil, está satisfeito de conhecê-las na boleia de um caminhão; Andréia formou-se em medicina e já garantiu um emprego nos UAIs a R$600,00 por mês; Joaquim diz que morrerá feliz, morre nos corredores do HC da UFU e diz que não morreu à míngua; o ex-executivo da multinacional está eufórico porque curou a sua depressão pós-demissão ao montar uma padaria; Cecília trabalha de mula e tem lugar cativo no ónibus semanal que vai até o Paraguai e abastece de tranqueira a feira próxima ao governo central; o filho do Juca faz bico, distribuindo coca para o Turcão; Joaquim, escriturário, acha que fez uma boa compra ao comprar o amortecer do carro na loja de usados; Laurentino está sorridente porque comprou o seu corcel 73; Edivaldo, torneiro mecànico, formado no SENAI, faz churrasco no fundo de casa porque deixou de pagar aluguel, mudou-se para sua meia-água ainda por terminar; o Jorge, professor universitário, acha normal tirar mais da metade de seu salário para pagar a prestação do carro popular; Chaves se orgulha de pagar escola, saúde e, agora, segurança; os evangélicos constroem super templos e aumentam a bancada de representantes no congresso, os padres estão conformados com os míseros dízimos, enfim, para dar sustentação a todo esse processo social e económico contamos com várias moedas: real, passe de ónibus, tíquete alimentação, etc... Percebeu por que somos menos vulneráveis do que os Argentinos? Até me parece que o efeito worlof seria ao contrário. Para chegar à desgraça deles, acredito, a maioria de nós teria que fazer um caminho inverso, ser beneficiada com um crescimento económico. Resumindo: ganhar dinheiro um pouquinho mais.

Por outro lado, o fluxo de capital para os paraísos fiscais está em alta; o Banco Central se encarrega de salvar os conglomerados económicos; as grandes fortunas não pagam imposto de renda; o fundo internacional monitora a economia; os empresários dividem, entre si, as benesses das privatizações; a alfàndega dá sinal verde ao contrabando e a máfia da droga se impõe como um poder paralelo.

Tudo isso, num cenário, chamado Brasil, onde a Amazónia continua verde, intocada cientifica e economicamente pelos brasileiros; onde nossos morros têm mais luzes de foguetes soltados por traficantes; onde nossos mares têm mais barcos, de não sei quantos pés, iguais os ancorados em Angra; onde nossos céus têm mais jatinhos; tudo tão lindo, tão bom que até o aedes ameaça voltar para ficar.

A minha realidade, pasme, ainda não atingiu o ápice da morbidez. Talvez para isso fosse necessário associar a cabeça do alfinete à cabeça do Elias maluco, que mata, esquaterja e depois exibe uma metralhadora para amedrontar o poder, mas necessariamente a cabeça que está por detrás da dele; à cabeça de um cidadão estrangeiro chamado Soros que diz ao povo e ao governo que o "mercado" é quem vota no Brasil; à cabeça do Lula nordestino, travestido de Europeu; à cabeça do Serra sem sal sem açúcar e sem cheiro; à de um Ciro artificializado em Harvard, à de um bestial Enéias ou a de um pretensioso Garotinho.

Interessante! Jànio Quadros ganhou a eleição para presidente, usando entre outras peças de propaganda, um alfinete com uma vassoura na cabeça. Simbolizava a sua proposta de varrer a corrupção do Brasil. Todos nós sabemos, logo renunciou. Será que Jànio quis usar essa vassoura? Teria sido este alfinete o causador da tão falada "forças ocultas? Acorda Brasil!


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