Meu Mundo
Às vezes tenho a nítida impressão
De viver em dois mundos,
Distintos e sobrepostos.
Talvez justifique “um pouco”
Minha loucura de estar aqui
E vagar por entre relíquias do meu passado.
Garimpando lições,
Reciclando idéias.
Montando e desmontando
O que será meu futuro.
Por vezes sobrando peças,
Ora faltando.
O que era certeza já não é tanta.
O corpo está aqui,
Mas a mente viaja,
E tamanha a rapidez,
Que quase consegue
Por abaixo a lei da física,
Ela por fragmentos de segundos,
Conseguiria estar em dois, três, quatro, cinco
Ou até mais lugares ao mesmo tempo.
Alguém ousaria entender o “meu tempo”?
Sou contradição.
Não, não contra adição,
Mas há momentos que nossas atitudes
São tão opostas ao que “pregamos”.
E ainda exibimos títulos de mestre,
Mestre em alguma coisa.
Decididamente, sou aluna.
E daquelas bem arteiras,
Diga-se de passagem.
Eu assusto com a imensidão dos castelos
Que consigo construir com tão pouco,
E não são frágeis pela altura.
Assim dou morada aos meus dois mundos,
Ou serão mais?
Estranha a capacidade que temos “de dar”
O que não possuímos e buscamos.
Damos paz, mas a queremos.
Têm horas que vago pelo céu,
Horas me perco,
Fico por entre as nuvens contemplando tudo.
Neste momento deixo de atuar,
Viro telespectadora,
Observo cena e atores,
Todo o contexto,
Aprendo com as falhas,
Reciclo os velhos erros.
Esse é o meu mundo...
Onde aconteço.
Sabiá
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