Lá somos todos proetas
Sou da terra das nuvens,
Vim da tribo do abraço,
Meu peito é de aço,
E não tolera ferrugens.
Meu coração de papel,
Meu planeta pinga mel,
Estou a beira do céu
Numa terra sem broquel.
Nesta terra tem palmeiras
Também tem cordilheiras,
Fica perto um deserto
Que se pode ver de perto
E por lá já não tem espelhos,
Nossa face perderia em um deles.
Minhas mãos dão vida às palavras
Que perpetuas em pensamento,
Aos anseios em palavras
Dou graças a eles
A destra apóia a canhota
A canhota constrói meus sonhos,
O pensamento é o trem
E as mãos seus vagões.
No meu país os paraísos
Não são artificiais,
Nossas casas
São refúgio contra a solidão,
As meninas tem cabelos encaracolados
Em cachos negros
E os meninos,
Os olhos da cor de jabuticaba,
Os adultos são Ícaros com sonhos realizados,
Somos como uma nação de anjos,
Com a espada da eternidade nas mãos.
No meu mundo
O rio ama a sua água
E as arvores as suas folhas.
Meu povo tem a voz rouca
Própria das divas celestiais,
Lá sou amigo do rei
O rei é amigo de todos.
Lá a alma é quem comanda o corpo,
Nossos corações divididos em pedaços
São damos de presente
Aos amores de nossas vidas.
Lá somos todos diferentes
Mas iguais na forma de amar,
Os corações cantam por si só,
Os chafarizes gotejam mel
As ruas enxorram lamas em pétalas.
Falamos a mesma língua,
A “proesia”,
Por isso somos todos “proetas”.
Andre Aquino
&
Ðon Cuervo
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