SE UM DIA EU DISSE NÃO
Se um dia eu disse não, foi por medo do sim
Se um dia virei o rosto, foi por querer demais seu beijo
Se continuo a dizer não é porque meu coração tem medo
Me acanho ao te encarar.
Quero mas não quero. Quem entende?
Um dia, quem sabe, a gente se encontre de novo
Com coragem ou sem, vou me deixar levar.
Se for tudo por água baixo, quem sabe?
Ao menos não sofrerei por não tentar.
Ah! Se você me ouvir e eu negar,
Não acredite. Na verdade, quero dizer
O contrário do que disse antes de ter dito.
Não acredite em minhas palavras
Pois eu também não creio.
Se eu negar sua boca na minha boca
Beija mesmo assim.
Verá como me entrego sem medo do fim
Não se assuste. Não tomo conta de mim
Se enlaçar tuas pernas nas minhas
Eu vou fingir resistência.
Beija mais um pouco, mais um pouco
Verás em mim tantas pernas quanto as de um polvo
Se quiser fazer amor, sexo ou qualquer coisa assim
Vem de vagar, de mansinho, fingindo medo de mim
Se eu me esquivar, mostrando não querer
Me segura forte, sorri e pisca.. e vem logo pra mim.....
Vê como sou? Começo de mansinho,
Com palavras bonitas até... e,
Sorrateiramente vou soltando os bichos
Não te largo mais. Ainda me quer?
Voltarei a poesia, sem rima e sem nexo
Adoro versos que se perdem na razão
Tento ainda te convencer
Que digo sim quando da minha boca sai um não.
Falarei de teus olhos,
claros como o mar em dia de sol
sem ondas e sem o balanço do barco.
Claro, límpido, sem sombras
Gritarei das alturas que te quero
Ó grande homem das cavernas
Pega tua clava e me segue, arrebata-me.
Não ficou lindo?
Ou talvez se te comparar as noites de lua
Misterioso homem de voz macia.
Infla meu peito de sons e dizeres
Ainda assim não é o suficiente.
Ah! Talvez isto te agrade.
Tu, que tiraste de um coração sombrio
A dor do amor esquecido por tantos anos adormecido
Fraco, realmente fraco ficou.
Nada mais vou falar. Palavras.
Palavras, pra que palavras?
Chega perto e sente minha respiração
Sente meu corpo pulsar querendo o seu
Pega minha mão trêmula e suada
Percorre meu braço com seus dedos
Ainda lembro de quando isso aconteceu
Vê? Ainda me arrepio, como a primeira vez.
Aproxima seu rosto do meu, não lentamente
Vem de sopetão, não me dê tempo de pensar
E se eu me insinuar, passando meu nariz bem junto ao seu
Aproveita a deixa e me beija, beija, beija.
Aonde vamos parar? Não sei nem quero saber
Se, ao menos começar, não vou nem reclamar.
Vem logo, se apressa e não demora.
Pois sou tola o suficiente para não esperar e ir embora.
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