Quando quebrou o braço do irmão mais velho aos 3 anos de idade a mãe pensou que era um acidente. O tempo se encarregou de provar o contrario. Joelma era portadora de uma ira natural. Não era uma pessoa ruim, apenas era brava, da brabeza dos nordestinos. Nordestina e mulher. Acima de tudo.... brava.
Assim era Joelma, magra feito um graveto e valente feito um nelore.
A vida seguiu e Joelma seguiu com ela. Amarrou o primo Ednaldo, que dava dois dela, num poste de luz ao meio dia. O menino teve insolação. A prima Eliane teve o supercílio furado com um garfo. Diante disto a sua tia Maria a proibiu de freqüentar a sua casa e foi ameaçada com uma faca de pão. Joelma tinha então 10 anos.
Seguiu a vida e Joelma seguiu com ela. Foi expulsa varias vezes do colégio, não antes de fazer Dona Tereza, professora de português, desistir de lecionar. Irmã Socorro, aquela cujo hábito pegou fogo, por causa de Joelma, foi transferida para outra cidade depois de ameaçar a menina de morte. Aquilo não eram modos de uma irmã Franciscana. Afinal de contas Joelma era só uma criança. Tinha 13 anos e 18 cicatrizes.
Com 15 anos, debutou, e acabou com a sua própria festa. Os colegas, obrigados a comparecer pelos pais, saíram correndo do salão paroquial, onde aconteceu a festa. Joelma, com raiva do tecladista que o pai contratou pra tocar a valsa, promoveu uma chuva de peido de veia . Foi pipoco pra tudo quando eh lado. A decoração pegou jogo e ate Padre Raimundo não queria mas ver Joelma em sua frente. Pense num desgosto pra mãe de Joelma.
“Mas criança eh assim mermo” Dizia o pai resignado com fúria da menina. Joelma não passava despercebida. Tinha ate PM que ajoelhava diante dela. Não eh toda Maria Bonita que tinha a fama de Joelma. E olhe que ela não tinha nem Lampião do lado.
Mas a vida...... Eita peste melindrosa essa tal de vida. Encarregou-se de colocar o amor no caminho de Joelma. Pensa que ela amansou? Muito pelo contrario o amor ativou a brabeza de Joelma. O nome do felizardo era Marcão. Rapaz bonito, forte, valente. Já conhecedor da fama de Joelma, mesmo assim, (eita peste melindrosa essa tal de vida) encantou-se por Joelma. Como um vaqueiro se encanta por um boi difícil de derrubar.
Ela pintou miséria com Marcão. E ele cada vez mais apaixonado. Eita boi difícil de cair. Casaram-se. Padre Raimundo celebrou a casamento, com um medo da gotá. E a lua de mel. Vixe.... todo mundo teve pena de Marcão.
O pior tava por vir. Marcão levou Joelma pra conhecer a sua família. A mãe de Marcão era velha bruta, igualmente nordestina e grossa feito lixa. Isso explicava o amor de Marcão por Joelma. Um tal de Freud diria que isso era complexo de Édipo. Apóis aconteceu o grande encontro.
De um lado, pesando 48 kilos, 23 anos e 1.58m de altura, com um currículo de diversas mortes nas costas. Joelma. Do outro, pesando 47 kilos, 65 anos, 1,61m de altura, com um mói de rugas e uma cara de que ta devendo a morte. Dona Creusa, mãe de Marcão.
O jantar correu bem. Um silêncio na mesa que dava medo. Depois todo mundo na sala. Marcão tava ate aliviado. Mas.... Dona Creusa, provocadora que nem ela, quis sair por cima. Pegou uma vassoura e entregou pra Joelma dizendo: “ minha filha, da pra você varrer a sala?”.
Joelma pegou no cabo da vassoura e olhou pra Marcão. O sangue tomou conta do branco dos olhos de Joelma. Dona Creusa Franziu a testa e Marcão......
Marcão correu e se escondeu na cozinha.
