Latitude 14
É com calor e chuva fina, nesta noite, de calça clara, suja de barro, que me despeço do que tanto gosto.
Já é quase janeiro, vim de tão longe e só agora, quando vou embora, sei o que vim fazer.
Choveu todos estes dias que eu estive aqui, que nem liguei.
Conheci tanta gente nova, alguns são parentes que se somaram aos que comigo vieram, outros são só amigos que não vou lembrar o nome no caminho de volta, mas vou tentar.
Sei que a árvore parece mais verde, um verde viçoso e novo que não existe pra onde vou.
Enxurrada e calor, numa rua quente com muita terra cheirando molhada, deixam esquecer que a hora de ir esta perto.
Um carro de som toca músicas para todos dançarem nas noites limpas que só terminam com o sol quente.
É aqui quente de paixão, quando chuva nenhuma consegue acalmar, debaixo dessa árvore de um verde roubado dos seus olhos, nessa noite cheirosa como terra e flor, que me dou conta de todo este espaço, o que significam elas linhas imaginárias, que separam tanta distância.
Sei agora o que vim fazer: beijar seus lábios como nunca mais poderei, como se nunca mais contarei tantas latitudes, apenas pelo seu calor.
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