Tem gente que escreve, se diz poeta
Junta as palavrinhas, coloca uma riminha
Se acha o máximo, publica todo dia
Um.. dois.. três.. dez coisinhas por hora
Produção em massa, sem fermento.
Ô Internet bendita...
Sem censura, sem limite, sem bom gosto
Aceita tudo e nos envia.. re-envia, sacrifica
Teclinha delete gasta... afundada... tão sofrida
Revoltada, pede abono extra. Trabalha mais a cada dia
Texto formatado, copiado, deturpado
Não há limite... não há lei... não há sanção
E eu aqui, apagando... cada linha cada palavra escrita em vão
Haja paciência, tem gente que não se toca não.
Eu escrevo, é bem verdade, e não sou poeta não.
Escrevo sem rima, sem técnica, sem um grau de profusão.
Mas vá lá, que dois, no máximo por dia, não cansa,
Ou será que não?
Segunda parte .... o poeta, embroeta, fala:
Contagiada por palavras abstratas... vou escrevendo sem razão
Poluindo telas e mentes, enchendo papéis de bytes, kbytes e mega bytes dementes
Aprendendo, assim, a ser poeta indolente, deixando o leitor, coitado, doente
Esperando o prêmio Nobel de literatura. Ah, como estou crente.
Me inspiro em idéias alheias, texto quase pronto, mudo apenas a ordem
O primeiro verso vai pro fim, o último lá no meio, entremeio sem receio.
Quem se importa? Copio. Copio mesmo.. é só lorota.
Assino em fonte 48, sublinhado, criptografado, que é pra deixar bem gravado.
Penso cá com meus botões, como criar mais textos.
Tomar sopa de letrinhas quem sabe? ( times new roman)
Pro texto sair pronto...
Quer seja por baixo ou por cima
O que importa é publicar.
Xi!!! Acabou o papel, vou usar a rima!!!
Publico e espero alguém dizer: “é obra prima”
Ah! Se é.. saiu de mim... do mais profundo do profundo. ( preciso de um laxante)
Minha alma é poeta. Preciso ouvir senão eu surto.
Escrevo mais, cada vez mais, mesmo que seja um verso curto.
Você pensa que acabou?
Pois não acabou não.
Hoje estou inspirada
Vou vomitar letras até de madrugada.
E lá vem mais, caixa de correio
Estufada de tanta poesia enlatada
Se o tema é circunflexo
Escrevo mesmo sem ter nexo
O que me importa é aparecer
Me sentir a dona do poder
Dizem por ai que é a falta.
Ter poder sem mais phoder
Ah! Como dói.. como dói a desdita
Não saber dar emoção à palavra escrita
Eu me esforço, eu sei bem,
Mas não nasci pro negócio, meu bem.
Então enrolo com blá, blá, blás
Mesmo que minha rima não seja loquaz
Quero ver quem é capaz
De dizer que não sou poeta zas-traz.
Me apague, to nem ai.
Amanhã, você sabe, de volta aqui
Seu e-mail não me bloqueia
Você vai xingar de boca cheia
......
Pra finalizar, em grande estilo
Poetizar sem copiar:
“Mas não esqueça, nenhum segundo
Que eu tenho a rima... maior do mundo
Como é grande o meu poema
Pra você”
Eu vou voltar, pro seu azar.
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