Discorrer sobre minas eu pretendo
Só não sei se encontro inspiração.
Sou mineiro e sei que meu torrão
Não tem praia e eu me surpreendo,
Com a força do povo, então me rendo
À total alegria de cantar.
Faça então o favor de me escutar.
Peço sempre a ajuda dos Profetas
E aprendo das obras mais diletas
Esquecendo que Minas não tem mar.
Começando por Belo Horizonte
Nossa bela e pacata capital.
Ouro Preto, que é tão tradicional
Valadares, com sua imensa ponte.
Caxambu, com a sulfurosa fonte
Vem Juiz (lá) de Fora pra julgar.
Uberlândia, Uberaba, par a par
Tera verde, do milho e da pamonha!
Amo o meu Vale do Jequitinhonha,
E me equeço que Minas não tem mar.
Fome aqui o visitante não conhece
No sol quente ou na luz dessa candeia.
Vem faminto e sai, barriga cheia
E a comida ele nunca mais esquece.
Um franguin com quiabo lhe apetece
Cafezin tão gostoso de tomar
Licorzin bem docin pra degustar
Fumo bom, cigarrin da mió paia
De tão bom, o indivíduo se atrapaia
E se esquece que Minas não tem mar!
E a estorias desse povo mineiro
Escritores, cantores e poetas
Deixando as almas inquietas
No prazer de um causo verdadeiro.
E nas festas, sanfona e pandeiro
Canto livre de um povo de um lugar
Sutilezas no modo de expressar.
Estrangeiro que por essas terras vai
Bem depressa já tá dizendo uai!
Esquecendo que Minas não tem mar!
Terminando, deixo convite amigo
Será nossa alegria receber
Os poetas, que, um dia, ainda vão ser
Recebidos com fé em nosso abrigo.
Não se esqueçam do que agora lhes digo:
De mudança ou só pra passear
Venham logo, pra se deliciar
Com esse povo que vive, de verade
Sem ter praia, mas com felicidade,
Esquecendo que Minas não tem mar!
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Eitha, Minas Gerais!
Quem te conhece... nun esquece jamais!!!