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Cronicas-->Perdido na Metrópole (1) Fui, voltei! Recomecei! Eis-me! -- 08/03/2003 - 00:30 (Silvio Alvarez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Ano novo! Tudo novo! E eu mais velho!

Estreando hoje neste veículo, com o teclado do computador em punho, sinto saudade de quando amassava centenas de folhas de papel rabiscadas e desprezadas na busca desenfreada pela inspiração perdida. Hoje é uma tecla que resolve tudo. Muita coisa mudou. Inclusive eu.

Porque Perdido na Metrópole?
Nasci em uma grande cidade deste imenso país e nela morei por vinte e poucos anos. Comecei como DJ, fui colunista de diversos jornais, coordenei eventos na área de cultura, principalmente música, e nas horas vagas produzia telas com pintura e colagem, trabalhando feito um louco, sem muito descanso. Dormia de dia e trabalhava de noite. Pablo Neruda me perdoe, mas eu também confesso que vivi. Aproveitei a vida o quanto pude. Porém, abusei.

Vivi tanto que deu pane no sistema. Conheci o fantasma da depressão.

Muitos tratamentos fracassados depois, mudei para o interior do estado. Escolhi uma cidadezinha pacata com oito mil habitantes. Um ovo provinciano movido por rivalidades políticas.

Não demorou muito, criei um jornal local e acabei assessor de imprensa do prefeito. Não consegui ficar parado. Enfim, foi o trabalho que me curou, ou, que pelo menos, afastou a doença. Passei a ter um relógio biológico quase Suíço. Trabalhava muito, mas com critério, com limites. Passei até a almoçar e jantar!

Depois de dez anos volto à metrópole sozinho para ganhar dinheiro.
Na Sibéria interiorana isto seria impossível. Para meus pais aposentados que ficaram lá é um paraíso.

Quando retornei percebi que quase tudo havia mudado.
Deixei a metrópole na década de oitenta. Tinha computador, mas alguém com mais paciência operava para mim. Achava que não tinha nascido para aquilo e que não era necessário aprender. Estava errado.

Sou do tempo da lauda, dos discos de vinil, das bolachas, das fitas cassete e de vídeo. CD era coisa de rico e DVD, tecnologia de James Bond. Fumar ainda estava na moda.

Morava com meus pais com mordomias e mimações. Não éramos ricos, mas não me faltava nada. Tarefas domésticas nem pensar. Meu dinheiro ficava livre para o estritamente desnecessário. Tentei dirigir, desisti quando fundiu o motor do meu único carro. Nem lembro a marca. Ninguém me avisou que tinha de por óleo de vez em quando.

Me assustei muito com a mudança radical, mas hoje já não me assusto com quase nada. Quase nada. Moro sozinho em um apertamento com sala, banheiro e uma espécie de quarto minúsculo. Deixei de ser um analfabeto virtual à força. Adotei a gastronomia do microondas. Me tornei um expert nesta área. Faço uma pipoca fantástica. Não riam, existe toda uma técnica para introdução do saquinho no forno. Tem que colocar do lado certo, senão... . Ovo não dá. Ele explode e faz uma sujeira infernal. Secar roupa atrás da geladeira pode ser coisa de pobre, mas funciona. Adoro colecionar copos de requeijão. Eles são ótimos.

Sou um dono de casa solteiro muito prendado. Cheguei a esta conclusão em um longo diálogo com minhas baratas. Elas têm até nome e são grandes companheiras.

Serão estas experiências pós-exílio que contarei aqui, recheadas com minha surpresa, espanto frente a tantas mudanças e o bom humor que adquiri para sobreviver.

Logo nos meus novos primeiros dias de cidade grande alguns velhos amigos resolveram me levar a um lugar da hora, cheio de sangue bom, manos, minas, GLSs, clubbers e toda uma fauna vastíssima antenada. Tratava-se de uma rave. E eu recém chegado do interior, o caipira em pessoa. Era uma mansão decadente imensa alugada especialmente para o evento. Programa de índio. Não havia obra nenhuma nas proximidades, mas ouvia-se um bate estaca a todo volume. Me contaram que era a música. Fiquei quieto. Alguém que eu nunca tinha visto mais gordo ou mais magro veio me oferecer um baseado. Ali? No meio de todo o mundo? Me disseram que era normal. Fiquei quieto. Fui ao bar e me ofereceram a bebida do momento. Perguntei se tinha cuba libre e me olharam como se eu fosse um ET raeliano clonado. Tomei energético com Whisky.
Deixará você mais agitado. Mais? Era normal, todo mundo estava bebendo. Fiquei quieto e engoli. Desceu.

A dança era legal, você podia dançar qualquer coisa que achavam da hora. Arrisquei até valsa. É isso aí tio, me disseram. Tio de quem? Me ofereceram um drops novo chamado ecstasy, fiquei com o meu Dulcora.

O baile, ops... baile é coisa de velho, a rave foi até as 9:00 da manhã do outro dia. Tinha gente no chão, dormindo ali mesmo. Da hora!

Assim vou levando, observando tudo e todos como nunca.
Rir da vida é o melhor remédio. O dia a dia é uma fonte inesgotável de piadas. É só adquirir o hábito de rir delas. Achei este jeito de manter uma vida mais saudável utilizando o bom humor como escudo protetor. Problemas todos têm, o que muda é a forma de encará-los.

Prazer, sou Silvio Alvarez.

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Silvio Alvarez, 36 anos, é assessor de imprensa da banda rock pop Yslauss, artista plástico de colagem e colunista.
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