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Poesias-->Anonimato -- 13/06/2004 - 15:10 (I. R. PIRES) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
ANONIMATO



Meu coração ama.

E o faz com tamanha impiedade,

Ama dolorido,

Ama inconseqüente,

Ama rebelde.



Ama, e não busca o ser que sublima,

Explora minh’alma

Arfando meu peito, fazendo-me louco

Com fantasias, bolhas de sabão.

Me faz armadilhas de troianos,

Desaportando cavalos de paus

Cheios de sorrisos que não tenho mais,

Da doce presença do perfume

Que não me é certa a lembrança.

Das palavras que deixei de dizer,

Do amor que não o fiz viver.



Ele se recusa a sorrir,

E quando o faz

E por escarninho da minha dor.

É grande a sua impiedade

Não escolhe hora ou lugar

Para desferir dardos de sua

Ambição inatingível.

Esculpi, com seu cinzel afiado,

Na face jovem, em noites longas,

Sobre o espelho,

O velho reflexo de sua perseguição.



Até que por fim,

A morte vista-se de Vênus,

E toque seus lábios findos,

Selando nossa agonia equânime

Com beijo frio,

Deixando transcender

Toda esperança.

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