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cronicas-->Perdido na Metrópole (3) O Genival e a inclusão digital! -- 08/03/2003 - 00:34 (Silvio Alvarez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Fui andar no centro da cidade, onde moro e trabalho. Descobri alguns tipos curiosos de pedestres. O turista: você querendo passar e ele andando bem devagar, olhando as vitrines. O fura-olhos: tem a mania de andar de guarda-chuva, sobre a calçada, no coberto, especialmente quando não está chovendo. O será-que-eu-vou?: aquele que para na sua frente e não sabe se vai para um lado ou para o outro. Dependendo da quantidade de neurónios dos envolvidos, esta situação pode durar horas. O leva-tudo: a razão da sua existência é passar derrubando tudo o que você estiver carregando. O office-boy: quer passar por onde não tem espaço, por onde é fisicamente impossível, sempre correndo. E tem muito mais!

Já lhes apresentei o Genival, meu computador? Ele está ficando famoso. Recebeu até e-mail de leitora. O artigo de hoje é uma homenagem ao Genival e a todos os computadores, companheiros de seus usuários.

Quando retornei à metrópole era um completo analfabeto virtual. Tinha duas opções: aprender informática ou parar de trabalhar. Fiquei com a primeira.

No escritório alguém começou a me ensinar o beabá. Covardia. Não dá pra competir com quem já nasceu sabendo! E hoje é assim. As crianças não nascem, chegam como um download. A geração Microsoft ninguém segura. Meu priminho, de seis anos, com cara de Bill Gates, me mandou um e-mail, e eu não consegui responder. Google, Ig, Yahoo!

Eu não sabia nem desligar o computador. Ligar é mais fácil.

Fui aprendendo aos poucos e à força. Concluí que para aprender informática é preciso penar por horas, todos os dias, e sozinho. Meu instrutor, com a paciência de um monge, não aguentou. Vá se catar. Fui catar milho no teclado.

Justiça seja feita. Graças aos seus ensinamentos primordiais consegui desenvolver minha técnica fura bolo. Utilizo os dois indicadores para teclar. Não tenho vergonha de assumir isto para o Brasil por que sei que não sou o único. Sou?

Com a Internet, telefone virou cafonice. O e-mail é ótimo, mas impessoal demais. E este é o objetivo. Tenham paciência comigo. Eu adoro telefone! Muitas vezes mando um e-mail e, na ànsia pela resposta, não aguento esperar, ligo para o interlocutor e conto tudo, antes dele abrir sua caixa-postal.

E tem gente que namora pela Internet. Tem gente que faz até sexo. Não conseguiria. Entrei na sala de bate-papo e só falam em sexo. Só falam.

Não tenho um bom relacionamento com a tecla Caps lock. Quando percebo, já escrevi tudo com letras maiúsculas. Basta tocar na tecla levemente para berrar em alto som. As regras da etiqueta virtual mandam não escrever com maiúsculas. É o mesmo que gritar, dizem. EU SEI!

Estou aprendendo aos poucos, bem devagar. Um fora atrás do outro. Liguei para um diretor de uma empresa para que ele me enviasse a confirmação do e-mail, quando recebesse. Ele, sutilmente, como um trator, disse:
-Tem um negócio no seu computador onde você pode programar o pedido. Creio que a vontade dele era dizer:
-Seu burro, por que não aprende informática? Normal.

A gafe destes últimos dias foi a pior. Um amigo perguntou por que eu não utilizava a cópia oculta ao enviar mensagens para toda a minha lista. Ele, pacientemente, explicou com um belo exemplo: -Você está lembrado de quando era assessor do prefeito na cidadezinha de oito mil habitantes? O prefeito e o opositor não mantinham as melhores relações, não é? Você já imaginou mandar um e-mail para um deles divulgando o endereço do outro? Foi assim que aprendi. Imaginei a situação.

Além do quê, quando jogamos um endereço aberto na Internet, é como se estivéssemos divulgando o número do telefone celular, dos outros, para todo o mundo. Existem profissionais procurando como loucos uma @ para catar teu e-mail e vender. É o que disseram. Fiquei apavorado. Nesta noite sonhei que estava sendo perseguido pela @ assassina.

Falando em perder o sono, isto aconteceu também nas três vezes que foram apagados todos os meus arquivos. Meses de trabalho jogados fora. Dá vontade de chorar. POR QUE VOCÊ NÃO FEZ UM BACK-UP? E EU VOU LÀ SABER O QUE É ISTO! Eu queria descobrir como póde apagar tudo.

Para passar a raiva só abrindo minha caixa-postal. Está lotada. Só piadas. Do total de mensagens, mais de setenta por cento, são inutilidades. Fico tiririca quando recebo uma corrente ameaçando azar eterno para quem não repassar. Deleto sem dó. Podem mandar boas piadas. Elas salvam o dia de qualquer um, quando são inteligentes.

Quando leio as mensagens percebo que sonhei com a @ assassina em vão. Ninguém utiliza a cópia oculta. O remetente bloqueia o seu endereço e deixa todas as outras @s aparecendo. Assim não vale.

Desta forma, o caipira, que sou eu, chegou ao século XXI.
A tecnologia muda tudo rápido demais. Quando aprendo a operar um fax com desenvoltura, já não usam mais. Quando consigo finalmente descobrir como programar um vídeo-cassete, inventam o DVD. Parem o mundo que eu quero descer. É só um minutinho e eu já volto.

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Silvio Alvarez, 36 anos, é assessor de imprensa da banda rock pop YSLAUSS, artista plástico de colagem e colunista.
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