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Cronicas-->Perdido na Metrópole (7) Bingo & Badmington! -- 08/03/2003 - 00:43 (Silvio Alvarez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Dinheiro não é problema, é solução. Na teoria é lindo! Quem não sonha em ficar rico, mesmo sabendo que não garantirá felicidade? Pode não garantir, mas ajuda!

Caminho pelas ruas de minha metrópole, quando ouço:
- 33, 27, 48, 52... Uma voz de mulher com sono, no meio da calçada. Procuro por todos os lados para saber de onde ela vem. Vem de um bingo. Eles estão por todos os lados. - 49, 22, 56, 21...

São três horas da tarde de uma segunda-feira, não é feriado, e o cassino autorizado está lotado. - 66, 12, 18, 58... Na minha época não tinha isto. Para jogar no bicho, que sempre existiu, olhávamos para todos os lados na hora da aposta, com medo da polícia. Hoje, tem em todo lugar e sem nenhum pudor. As bancas de jogo nem colocam mais aqueles bilhetes de loteria de dois anos atrás para disfarçar. Bingo, então, agora é moda.- 6, 37, 41, 42... Bingo!

Não posso pensar mal do bingo que parei para observar, ele existe, por força de lei, para ajudar a Confederação Brasileira de badmington. Ah bom! Agora sim! O que é badmington? Vai ao microondas? Não, é um esporte com peteca e raquete. Ah! Eu pratico este esporte desde criancinha. Mentira. Nunca tinha ouvido falar, nem no Almanaque Fontoura. Este esporte existe mesmo? Pelo número de pessoas que frequenta tal bingo, era para o Brasil ser pentacampeão de Badmington. Ter torcida organizada de Badmington. A Globo e o SBT estariam brigando para transmitir, no horário do Big Brother, a final do campeonato.

E alguém ganha dinheiro jogando bingo? Além do dono da casa? Ganha, mas a maioria, obviamente, perde, e muito. Este jogo é uma febre e, infelizmente, um vício para alguns. Estes chegam a perder tudo, como no póquer. É uma compulsão como qualquer outra. Triste.

Vou à casa lotérica e lembro daquela frase filosófica famosa. Você pede para ganhar na loteria, então, pelo menos, jogue.
Compro dez raspadinhas. Elas ainda existem as pencas. Com a tampa da caneta vou raspando e sonhando: iates, Paris, Mercedes conversíveis, Barcelona, gravatas italianas, Milão, obras de arte na sala, cruzeiros, personal trainer, personal isto, personal aquilo, personal mata-baratas, hidromassagem, uma cozinheira internacional que odeie macarrão instantàneo, apartamento auto-limpante, trezentos mil CDs, duzentos mil DVDs, relógios suiços, queijos também suíços (adoro queijo), uma equipe de seguranças para poder ter tudo isto... Acabo de raspar. Ganhei! Eu ganhei!

Cinquenta centavos. Perdi quatro reais e meu sonho.

Não fico satisfeito e compro toda a sorte de bilhetes, jogo em tudo. Tentei a raspadinha primeiro. Esta você ganha na hora. Queria ficar rico logo. Não foi desta vez.

Outra mania do momento: máquina caça-níqueis. Todo boteco tem. Será que mudei para Los Angeles e ninguém avisou? Tudo bem. É só contravenção, não é crime.

Elas viraram febre. Todo mundo joga. Quase todo mundo. Eu, ainda, não joguei. Basta introduzir moedas ou notas e apertar um botão. Estas máquinas são espertas. Elas deixam você ganhar e ficar feliz. Dá-lhe dinheiro. Você ganha mais e não para. Dá-lhe dinheiro. Você aumenta a aposta e... Perde tudo que ganhou. Poucos têm o autocontrole de parar na hora certa. Por esta razão, não jogo.

Estes caça-níqueis existem até mesmo na Internet. Pode?

Passo por outra rua e vejo uma aglomeração de pessoas. No meio daquele burburinho, um rapaz manipulando três caixinhas de fósforos viradas para baixo. Em uma delas uma bolinha. O croupier de rua movimenta as caixinhas, mudando-as de lugar com enorme agilidade, e o público tem de descobrir em qual delas está a bolinha. Esta brincadeira é mais velha do que eu! Quem controla este jogo secular é dotado de uma habilidade incomum, quando não trapaceia. Como se existisse trapaça no Brasil. Peço perdão.

Não tem nada a ver com o assunto, mas eu queria saber quem inventou o videokê. Quem foi? Queria oferecer uma viagem para o Iraque. Só de ida! Existem ótimos cantores que praticam seu talento em videokê. Porém, eu ainda não descobri algo mais irritante do que você estar tentando almoçar ou conversar em um bar e ser obrigado a ouvir um clone de Tetê Espínola, com defeito de fabricação, atingindo os tímpanos alheios sem piedade. Os aparelhos de videokê são epidemia na minha metrópole, tanto quanto os caça-níqueis.

Bom, de fliperama e vídeo games não vou nem falar. Sou do tempo do Atari. Jurássico!

Hoje, os vídeogames são tão virtuais e avançados que qualquer um pode ser um Shumacker. Eu não cheguei nem a Rubinho. Brincadeira! Nosso Barrichello está indo bem agora. Tirou até carteira de motorista. Que maldade!

Eu não penso em dinheiro. Não tenho mesmo.

Eu só conheço uma receita para ficar rico, fora do jogo. Na realidade são duas: uma delas é muito praticada por alguns políticos, a outra pode levar muito tempo e é necessário contar com esforço, certa dose de talento e um pouquinho de sorte: trabalho.

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Silvio Alvarez, 36 anos, é assessor de imprensa da banda rock pop Yslauss, artista plástico de colagem e colunista.
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