....................."Há um quebra-vento que.....
......................deixa o vento passar"......
........................in, SEAMUS HEANEY........
O vento e água tendo firme
em volta o corpo, este emparedado
no abraço matizado da terra,
o fulgor da respiração ardente
e frágil, como varas de penumbra.
Só a rajada de vento selvagem
desata o nó oculto das vozes, sílabas
de pequenos círculos sem fios, como
riscos feitos no azul até ao
extremo da pele, um atalho seco
as mandíbulas do vento na boca
interdita, uma só palavra viva.
No corpo, onde o vento abre os punhos
os tendões pairam na aragem fresca
das gárgulas, ansiosamente nus,
abertos à sede espessa do silêncio.
Sem vento o poema secou a própria chama.
in,"Vento/Viento,Sombra de vozes/sombra de Voces"
(Antologia de Poesia Ibérica)
Salamanca,Editora CELYA - 2004
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