Buenos Aires, 17 de junho de 2004 – 12:58h
Lutar com as palavras é lutar em vão.
Por mais que as busquemos,
elas têm vontade própria e decidem,
à nossa revelia, quando as teremos,
quando vêm e quando vão.
Não há que se fazer poesia sobre os acontecimentos,
sobre as datas, os momentos...
Não é original, nem é meu o pensamento,
outro poeta já o disse.
As palavras são temperamentais.
Andam por conta própria dentro de nós,
falam por si mesmas em nossas mentes,
ainda que se calem em nossa voz.
Não há que se buscar palavras para nada.
As coisas da alma são indizíveis,
é impossível manter a alma engaiolada,
ela voa por céus intangíveis,
por espaços outros, onde a palavra é nada.
O código da alma é algo muito próprio, particular
e não se traduz em palavras, versos, frases...
Voa acima dos ventos, acima do nosso olhar,
que num paradoxo, guarda os segredos desta ave,
e só compreende quem entende o olhar.
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