O texto era muito bom. Além de bom, bonito, poético.
No seu caminho, uma única cor: rosa.
Dentro do rosa, o texto conseguia a mágica: se fazia um arco-íris, tinha perfume e muitas cores.
Engraçado isso, o texto aos poucos fez apagar as cores, o arco-íris fez-se desnudo...agora tínhamos apenas traços, pretos, sem vida, moribundo.
Quem havia conhecido o texto original, revoltou-se.
Este vilão terrível,o tempo, havia injetado no pobre coitado seu veneno mortal: a modernização.
Não sabia - testemunhou o tempo em juizo- que o texto não agüentaria este castigo.
E veio a modernidade, que arquiteta personagens Lobatianos, que se atreve a esteriotipar as fadas em loiras de olhos azuis...
E assim morreu o texto, pois onde tem bruxa, tem fada, só que uma fada única, rosa, que assim era plural.
Quem lê agora, vê o retrato de Maria do Céu, que como todo retrato, engana...
Quem se habitua a ver por retratos, não pode mesmo merecer um texto que era só rosa...
Por isso, o texto morreu...esperando o dia em que só o vejam rosa, para voltar a ser múltiplo, e recobrar o arco-íris de quem sabia o segredo e continua aguardando pelo "amanhã eu faço", neste mundo tão carentes de ações.
Crítica Literária baseada em diferentes edições do livro Infanto-Juvenil "Onde tem bruxa, tem fada" de Bartolomeu de Campos Queirós. |