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cronicas-->Sobre a preservação da espécie -- 09/03/2003 - 15:17 (Sandra Regina Sanchez Baldessin) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Em sua obra "Metafísica do amor - Metafísica da morte", (tradução de Jair Barboza) publicada em 1.844, Arthur Schopenhauer aborda questões que, atualmente, tem sido exaustivamente estudadas pela Psicologia Evolutiva.
O fascinante na obra de Schopenhauer é a análise realista que faz acerca do sentimento do amor, principalmente se considerarmos que os seus contemporàneos contribuíram grandemente para a deificação do amor romàntico e os poetas de sua época o descreviam como a razão e o auge da existência humana.
Embora sem o respaldo científico para comprovar empiricamente as suas teorias, Schopenhauer defendia que, para compreender o amor convém, sobretudo, partir do fato irrefutável de que todo ato de apaixonar-se está fundamentado no amor sexual: Geschlechtsliebe - o título alemão da obra. O agente desencadeante desse amor seria um impulso que não se encontra no domínio da consciência representativa do sujeito.
Significando que nossas escolhas amorosas não seriam definidas com base no discernimento crítico, sendo, antes, conduzidas por um instinto que excederia a racionalidade. Seguindo essa reflexão, Schopenhauer afirma: "o que se decide no amor é a composição da próxima geração."
Ou seja, o que ocorre é a manipulação do indivíduo em prol da preservação da espécie! Quanto maior a paixão amorosa movida por esse poderosíssimo impulso de perpetuação da espécie, maior a desilusão que se segue.
Hoje, com tantos cientistas empenhados em comprovar a dita teoria, a nós, infelizes sujeitos pós-modernos, não restou sequer a possibilidade de iludir-nos. Explico. Sabemos que todo o jogo da sedução é fruto da seleção sexual. Pareço cínica aos meus delicados leitores? Serei mais ainda.
Em seu livro, "A Mente Seletiva", Geoffrey Miller defende que a seleção sexual alicerça até mesmo o desenvolvimento da cultura humana, em toda a sua complexidade. Partindo do princípio de que a reprodução é o instinto básico em todos os seres, Miller acredita que todas as formas de manifestação artística não passam de "estratégias reprodutivas".
Escrevemos poemas, compomos sinfonias, pintamos quadros, cantamos, com a mesma finalidade cabal que movia nossos ancestrais a se destacarem como caçadores: atrair parceiros sexuais. Nesse sentido, a nossa cultura estaria fortemente vinculada à nossa evolução biológica.
O moderníssimo livro de Miller, não sei por quais circuitos cerebrais, remeteu-me ao eterno Schopenhauer, fazendo-me refletir sobre o caráter arcaico das nossas ações, dos nossos gestos, do nosso discurso.
Resumindo, desde 1.844 até os nossos dias, tem muita gente "gastando o latim" tentando esclarecer porquê todo mundo só "pensa naquilo". Aliás, por que eu escrevi essa crónica, mesmo?

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