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Contos-->Luz na Floresta -- 03/10/2003 - 11:19 (Graziella Davanso) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Era uma tarde de 27 de setembro de 2003. Eles todos caminhavam juntos, em silêncio em direção à floresta. Na estrada de terra ouvia-se apenas os passos, os pássaros, o vento. Sentia-se o toque dos tímidos raios de sol a aquecer todos os sentidos. Eram companheiros em busca de transcendência. Uma família sem laços de sangue, mas com laços antigos no coração.
Uma delas caminhava procurando se concentrar numa grande questão: “Como vou realizar minha missão? O que devo fazer? Quem vai poder me ajudar?”.
E assim ia se concentrando desejosa pela resposta, mas sabendo que ela não viria de imediato, era preciso confiar. As perguntas mais pareciam pedidos aos céus por iluminação.
Era alguém que a cada dia sentia sua fé mais e mais fortalecida. Sabia que muitas coisas haveria de conhecer em si mesma, pois em alguns momentos sentia-se tão forte, tão adulta, em outros ainda tão imatura, tão fragilizada. Pensou nos acontecimentos passados e conseguiu ver que tudo em sua vida a conduzira para aquele lugar onde encontraria o apoio necessário. Impossível esquecer o dia em que ali chegou pela primeira vez, sentia-se em casa como nunca antes.
Quanto mais a floresta se aproximava, mais a pergunta fazia eco e uma forte sensação começava a tomar forma, uma certa convicção de que encontraria a resposta porque não estava só.
A guia, antes do início da caminhada, havia orientado: “Quando chegarmos lá, cada um vai buscar um lugar para ficar, deixe-se conduzir”. Era como se dissesse: “O lugar vai encontrar você”.
Enquanto as outras pessoas iam se espalhando, ela seguia na trilha olhando adiante e avistando um certo clarão, se deixou conduzir a passos largos para lá. Ao se aproximar, olhou à sua esquerda e viu uma árvore entre inúmeros galhos soltos. Parecia uma grande rede de galhos. Sentiu que seria ali. Aproximou-se, recostou-se na árvore e silenciou. Ouvia ainda barulho, um som agradável de passos em folhas secas. Aos poucos os demais também foram encontrando seus lugares especiais e o silêncio foi tomando conta do lugar novamente.
Ela sentia uma sensação forte e inexplicável de que estava no lugar certo. Começou, então a refazer sua grande pergunta: “Como cumprir minha missão?”. Foi quando uma voz veio lhe dizer: “Fazendo sua luz brilhar”.
Perguntou: “Como faço minha luz brilhar?”.
E novamente a voz disse: A sua luz já brilha, filha!
Ela olhou e se viu envolvida em meio a rede de galhos soltos no meio da floresta e percebeu que era assim mesmo que, às vezes, se sentia lá fora no seu dia a dia, num emaranhado de coisas, envolvida numa grande rede.
Foi quando, de repente, Madu, aquele cachorro “Zen” se aproximou dela e deitou-se ao seu lado. Ele estava com feridas no corpo, e parecia que fazia questão de colocar a parte machucada bem visível aos seus olhos. Era impossível não ver. E foi então que compreendeu profundamente. E novamente ouviu a voz:
“Você entende agora, filha? As pessoas se aproximam de você por causa de suas feridas, de suas dores. A tua luz quando brilha é capaz de lembrar a essas pessoas que elas também podem brilhar, mesmo que de forma inconsciente. Não importa onde você esteja, porque mesmo cercada de obstáculos como esses galhos que a envolvem, elas te encontrarão, e você também irá a seu encontro, é um movimento de mão dupla, pois o desejo de brilhar é mais forte que tudo. Elas se aproximam, você se aproxima, assim como você e Madu aqui na floresta”.
Emocionada, deitou-se ali mesmo onde estava em profunda entrega, deixando seu corpo em contado com o chão cheio de folhas e galhos secos. Fechou os olhos e primeiro agradeceu profundamente aquela voz, depois silenciou, apenas silenciou. Às vezes, abria os olhos e via acima as folhas das árvores a formar um manto verde que lhe protegia. Não sabe quanto tempo ficou ali. Não era um tempo normal, com certeza. Teve a nítida sensação de expansão do campo a sua volta, como se tocasse suavemente em outra dimensão.
Foi, então que o mensageiro com seu pequeno tambor vinha a avisar que estava na hora de voltar. Ela levantou-se calmamente, no início uma leve pressão na cabeça, mas logo em seguida sentia-se leve, muito leve. Não esqueceria esse momento, mas compreendeu que não deveria se apegar a isso com fé cega. Deveria manter-se aberta para que a constante iluminação trouxesse sempre respostas que iriam se somando, e acima de tudo compreendera que esse trajeto jamais poderia percorrer sozinha.
Já era final de tarde. O sol não mais mostrava seus ares, e a trupe em silêncio retornava ao lar.
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