Ler os versos do poeta
é como ver sua alma.
Os poetas transparecem em letras,
se viram do avêsso, em palavras,
e se fazem pétreos, se for preciso.
Não querem sua alma à mostra,
mas a expõem, despudoradamente,
e de forma tão escandalosa,
que não percebem estar levitando.
E então flutuam,
como se as letras de seus versos
nunca sangrassem,
e como se o sangue de seus lamentos
não tivessem cor nem hora.
Como se a angústia de suas estrofes
fossem cotidianamente entendidas.
Como se a lágrima vertida numa rima
fosse apenas outro verso,
que se para nada prestasse,
servisse apenas para ser lido.
E já teria sido muito,
muito mais do que esperariam os poetas,
que, distraidamente,
voltam a versejar.
(copyrigth do autor)
Marcos Gimenes Salun
09.08.2000
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