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Contos-->O MENDIGO -- 03/10/2003 - 22:41 (Luiz Henrique J. Thimóteo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Parou bem no meio da praça. Mal cheiroso e com péssimo aspecto todos que estavam perto logo procuraram se afastar. Ele pouco se importou. Já estava acostumado.
Cansado, sujo e maltrapilho, sentou-se no chão e ficou a observar o movimento das pessoas que passavam ao seu redor. Ao mesmo tempo que olhava, falava e gesticulava como se estivesse conversando com alguém. Mas não havia ninguém por perto. Sua mente distorcida já não conseguia distinguir bem as pessoas e achava tudo muito anormal. Via os passantes como se fossem estranhos seres extraterrestres. Sim, deviam ser marcianos, pensava ele. Sempre ouvira falar na existência deles e a aparência era bem parecida com as histórias que ouvia quando criança. Mas o que estavam fazendo aqui, andando assim apressadamente?
Durante o dia perambulava pela cidade, recolhia latinhas para vender, ainda tinha forças para isso e a noite se recolhia embaixo de uma das muitas marquises existentes no centro da grande cidade. De vez em quando era enxotado da porta de algum restaurante em que parava para pedir um pouco de resto de comida para se alimentar. Tudo muito diferente da vida que levava tempos outrora na pacata cidade do interior.
Apesar da memória falha, lembrava-se bem da noite fatídica em que viu sua vida mudar bruscamente por causa do seu temperamento intempestivo e um pouco agressivo.
Era gerente da única concessionária de automóveis da cidade, casado e com uma vida financeiramente confortável ao lado da esposa. Um relacionamento marcado por brigas e discussões constantes motivadas pelo forte ciúme que nutria por ela.
Naquela noite ao chegar em casa não a encontrou e finalmente quando ela chegou interpelou-a asperamente iniciando uma nova discussão. Depois de um explosivo bate-boca, ela, resoluta, decidiu ir embora, propondo a separação. Vendo que ela estava irredutível na sua decisão, ele, desesperado, pegou o revolver para intimidá-la mas, descontrolado, acabou atirando na direção da esposa. Quatro tiros ecoaram na noite pondo fim aquela aquela união de forma trágica e brutal.
Fugiu, deixando tudo para trás e apesar de muito procurado nunca mais foi encontrado para prestar contas de seu ato tresloucado. Durante algum tempo o episódio foi assunto de conversas nas rodas da pequena cidade.
Os anos passaram e agora, mendigo e com problemas psiquiátricos não tinha muito o que esperar da vida.
Uma lágrima desce pelo seu rosto ao lembrar daquela que fora o grande amor da sua vida e que não soubera preservar. Ainda perdido no meio das lembranças levantou-se e continuou seu caminho. Já era início de noite e já não havia mais muitos “marcianos” apressados na praça para ele poder observar.


e-mail do autor:
luizthimoteo@hotmail.com
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