Desabrigada
Corro contra o vento frio de uma noite gelada,
Parte da estação inverno da minha vida acuada.
Indefesa sob um casaco surrado,
Sinto as surras do tempo,
A bater surpreendente
No meu cachecol coleira dourada...
Na calçada molhada,
pelo gotejar constante
Da garoa fina,
que tece na sua extensão
O tapete de granizo,
Calçando meus passos de frio,
A caminho do distante...
Congela-me a alma o sorrateiro espanto
Desabrigada, canto a canção dos tristes
Que a minha alma entoa no ninar das pálpebras,
Rendidas ao sono insolente,
desmontando meu corpo pesado de massa e destino.
Pareço dormir... E enquanto durmo sonho...
Com o sol abrasador.
Em cada raio um sorriso aberto
Por um tempo certo.
Com o romantismo da relva,
Banhada com a prateada luz da lua,
Iluminando a flor solitária,
Colhida pela mão que acredita no amor
Em fase contrária.;
Com a liberdade da minha confinação,
Gritando saudação aos ouvidos mudos,
De tímpanos feridos pelos torpedos
Palavras de coerção.;
Com os braços que me abraçam
No aconchego dos meus ideais,
E que separa as distancias
Entre o agudo e o infinito
Do meu viver sugado pelos canais...
Continuo sonhando...Agora acordada.
Paro diante da realidade ...
"...Vento frio de uma noite gelada,
Parte da estação inverno da minha vida acuada."
Corro com mais pressa...
Tenho muita pressa...
De encontrar o seu ponto extremo,
o fim da minha existência desabrigada.
Jair Martins / 21/06/04 - 07:30h
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