Desde sempre, sabe-se que só colhemos o que plantamos.
Parece óbvio, mas não é.
Atualmente plantam informações demais, rápidas demais em nossas crianças e em contrapartida, exige-se que continuem assim...crianças.
Posto que mudanças sempre afetam seu ambiente de ação, nossas crianças gritam pelo fruto máximo tão difícil de encontrar...uma tal de infância!
Muitos especialistas( psicólogos, fonoaudiólogos etc..)- tais como agricultores preparados para exterminar os danos das plantações- avisam que o solo infantil urge atenção,infância e limites.
Este último é o adubo essencial a qualquer plantação: alguém sem limites é o mesmo que resolver plantar sem água um solo fértil.
Hoje há crianças fabricadas para serem" mini- adultos", repletas de obrigações; já nascem tendo que falar, aprendem a andar tendo que correr, cursos de inglês, informática e tantos outros, que aos 9 anos já é um adulto exausto no final de uma labuta( guardadas as devidas proporções.)
É certo que os tempos são outros.É lógico que não se deve voltar atrás...até mesmo porque o relógio do tempo é invencível. Mas podemos e devemos melhor aproveitar este tempo. Urge que plantemos "imaginação" entre os miúdos. É necessário adubar o terreno "infância"com mais fadas e bruxas do que pokémons. Precisamos ensiná-los a "fazer de conta", não para aliená-los, mas para dar-lhes o direito de serem tão somente, crianças...
É sabido que livros são um excelente adubo.
O melhor, eu diria. Nos EUA a fome de infância é tanta, que os médicos pedem que os pais enxerguem seus filhos e "receitam" histórias antes de dormir como a última descoberta científica, em pleno Século XXI. Toda criança precisa, para que amanhã possa e saiba tornar-se adulto.
Neste solo tão empobrecido pela mídia do marketing
vemos adolescentes fascinados pelo bruxinho Harry Porter quando têm no sótão de suas casas o baú encantador do "Sítio do Pica-pau Amarelo", sedento por voltar às plantações. Neste baú há, de maneira inteligente e equilibrada, um poderoso adubo a este solo tão especial da infância.
O tal agricultor, Monteiro Lobato, é um excelente agrônomo, atencioso, inacreditavelmente atualizado e sábio. Pensemos sobre isso nestas férias de verão, para semear e cuidar das plantações-crianças e muito breve visitar um pomar cultural, construído sob a imensa jabuticabeira num sítio de faz-de-conta e dividir com Emília, Narizinho, Pedrinho e toda a turma esta colheita "batatal" de valores tão importantes.
Artigo publicado no Jornal "O Correio", Ano IV nº 125.