Varanda da minha casa ou de milhões de outras casas que poderiam estar fazendo o mesmo que nós. Conversas, milhões delas nessas luzes que ofuscam o brilho da cidade.
Para onde vai seu olhar, onde não cruza o copo de vinho? E por que, raios, desvia-os de mim?
Oh, meu querido, quisera eu saber mais sobre mim para estender meus pensamentos nessas varandas. Mas esses pensamentos são deturpados assim que a noite se vai. Eles mudam, cobram-me estatutos de sociedade e me perco, às vezes, por entre um olhar e outro.
Mas a varanda da minha casa também é sua, depois dessa noite. O vinho, o cigarro, minhas mãos que brincam de se esconder. Todos fazem parte de você agora.
Milhões de outras varandas têm inveja de nós. Somos livres. Amadores, porém, cultivamos uma liberdade nossa que só é devida aqui, nessa varanda. E com a certeza da conversa posta livremente está o brilho da cidade em que admiramos outras milhões e milhões de varandas.
Estou indo... quem sabe um dia eu possa voltar para que aqui, com você, nenhuma sociedade me cubra de deveres, nenhum pensamento possa ser deturpado pela noite e melhor... que eu possa sorrir para seus lábios e dizer o quanto é bom tecer historias para você representar...
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