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Artigos-->Nunca é tarde, só às vezes... -- 29/06/2002 - 18:03 (Anderson O. de Paula) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Visto que grandes navegadores devem sua reputação às tempestades, vai ver que grandes escritores devam suas obras a algum fenômeno, que não às tempestades, mas às súbitas faltas de inspiração.



Não estou dizendo que quero ser, ou que sou, grande marinheiro que enfrentou tempestades: água pra mim só se for de beber, de benzer, de banhar, alcahol só para desinfetar (Bem Jor). O que quero dizer, aliás acho que já disse, é que estou sem o mínimo de inspiração, todavia sei que não sou o que se pode chamar de um grande escritor - sou, talvez, um candidato a aspirante.



Atribuo tal fenômeno a esses detestáveis dias: a guerra no oriente, a disseminação da dengue, os padres praticando a pedofilia - pobres crianças; padres picaretas, pra não dizer outra coisa e não baixar o nível -, a violência das ruas, o aumento dos preços, a desgraça em si, nua e crua sem maquiagem. Assim, haja enternecimento e inspiração para escrever algo sadio, ou proveitoso, para você, amiga leitora, ou leitor, que tem um gosto bem requintado.



Pois bem, tomara que algum tipo de inspiração surja no decorrer desse texto, nem que seja na última linha, pois em crônicas como essa nunca é tarde para inspiração".



Enquanto ela não vem ocorre-me contar uma

história - recurso que sempre faço uso para esquecer que estou sem criatividade.



Entrei não há muito em uma casa de "Pão de Queijo" para tomar um cafezinho - o que já é uma contradição, visto que só foi mesmo o café que tomei. Observei que uma senhora de porte bem avantajado - entenda-se gorda, para que eufemismo? - entrou numa loja de sapatos, que era ao lado do lugar onde eu estava, e

escolheu um modelo, informando-o ao vendedor, que

foi buscar o pedido e voltou com três caixas.



Abriu a primeira e tentou colocar no pé da freguesa o sapato. Ela olhou o sapato pelo espelho e balbuciou qualquer coisa ao vendedor., que eu nem consegui ouvir, mas acredito que o sapato não servira pelo tamanho, formato ou cor, ou ainda por qualquer outro motivo, como saber?



O vendedor preparou o segundo par e o colocou dentro do mesmo ritual no untado pé da freguesa. Ela se levantou e olhou para o pé com cara de poucos amigos. Não demorou muito para ter a mesma conclusão da vez anterior.



O vendedor preparou o terceiro par. A freguesa calçou o sapato, levantou-se, olhou pelo espelho em várias posições, mas desta vez, o resultado fora outro. Pela satisfação da senhora o vendedor ficou contente, pois com certeza iria aumentar um pouco o seu caixa no final daquele mês com mais um acréscimo à sua comissão.



Já que tudo parecia ter dado certo para os dois lados da negociação, chegou a hora mais mportante para o vendedor: o pagamento.



Foram ao caixa da loja, que era mais próximo ainda de onde eu estava com meu café quase frio, e a freguesa tirou da bolsa o seu cartão de crédito e entregou-o à funcionária. Débito feito; compra paga.



Estava tudo certo, a freguesa e o vendedor estavam contentes, cada um por seu motivo. Ambos, naquele momento, não penavam em nada, nada que não fosse o prazer de ter feito algo que se precisava, ou que se tinha vontade - não havia

guerra, pestes, insegurança e afins. Enfim... havia apenas aquele momento, mágico.



No "Muito obrigado, volte sempre" do vendedor, um sorriso diferente, que era aberto, sincero e feliz.



A senhora, de sapatos novos dentro da sacola, reciprocamente agradecia a gentileza, num outro sorriso não menos aberto, sincero e feliz.



Meu café já tinha terminado; era hora de ir.



A história termina aqui....



A inspiração - comprovando minha condição de candidato a aspirante - não chegou mesmo. Nem se deu conta de meu pedido, feito lá em cima, no quarto parágrafo:



"... tomara que algum tipo de inspiração surja no decorrer desse texto, nem que seja na última linha, pois em crônicas como essa nunca é tarde para inspiração" - só às vezes



P.S.: Sobre o sorriso daquele vendedor e daquela senhora é que eu gostaria de escrever essa minha crônica. Aquele sorriso, como dito, era puro e pródigo de todas e quaisquer mazelas que a vida nos impõe.





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