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Cronicas-->Bach e o Photoshop -- 11/03/2003 - 12:29 (Elpídio de Toledo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
















Ponho para tocar a primeira faixa: "Kommt, ihr Töchter, helft mir klagen", "Vinde, oh filhas,

ajudai-me a prantear." (Do divino Bach, em "A Paixão, segundo Mateus"). Enquanto isso,

deixo meu Photoshop 7 de lado, e passo a registrar a conversa que acabo de ter.

__Bom dia.

__Bom dia.

__Por fineza, pela Muzambinho, pra gente sair lá no Santo António.

__Pois não!

__Será que já é tempo de frio?

__Éhhhhhhh, houve uma queda brusca de temperatura.... A primavera chegou fria...

__Mas, então, já estamos na primavera? Ela começa é em 23... de fevereiro?

Ao som de Bach, fui conferir, poucos instantes depois: do Aurélio lê-se que

"Primavera [Do lat. primo vere, no começo do verão .]

S. f.

1.Estação do ano que sucede ao inverno e antecede o verão. [No hemisfério sul, principia

quando o Sol alcança o equinócio de setembro (dia 22) e termina quando ele atinge o

solstício de dezembro (dia 20); e, no hemisfério norte, principia quando o Sol alcança o

equinócio de março (dia 21) e termina quando ele atinge o solstício de junho (dia 20).]

Verão

[Do lat. vulg. veranum (< lat. ver, veris, primavera ), i. e., veranum tempus, tempo

primaveril .]

S. m.

1.Estação do ano que sucede à primavera e antecede o outono; estio. [No hemisfério sul

principia quando o Sol alcança o solstício de dezembro (dia 21) e termina quando ele

atinge o equinócio de março (dia 20); no hemisfério norte principia quando o Sol alcança

o solstício de junho (dia 21) e finda quando ele atinge o equinócio de setembro (dia 21).] "

Hoje é dia 11 de março, logo, estamos em fim de verão. É certo que o taxista

Paulo Marques patinou sem gelo, quando deveria surfar sem mar. Amplio:

"[Do lat. autumnu.]

Outono

S. m.

1.Astr. Estação do ano que sucede ao verão e antecede o inverno. No hemisfério sul principia

quando o Sol alcança o equinócio de março (dia 21) e termina quando ele atinge o solstício

de junho (dia 20); no hemisfério norte principia quando o Sol alcança o equinócio de setembro

(dia 22) e finda quando ele atinge o solstício de dezembro (dia 20). [Sin., poét.: o cair das

flores, o cair das folhas.] "

Conforto-me: estou ainda no verão e, em breve, estarei no outono, se Deus assim me permitir.

Mas, a conversa continuou em meio às orientações que eu lhe dava sobre o meu trajeto: por

aqui... dobre ali... agora, siga as plaquinhas... . Disse-lhe:

__Neste vap-ti-vupt que a gente vai levando a vida, a gente não tem o hábito de se situar em

relação às estações do ano, né? Acho importante isso, né, a gente poder se guiar pela

Natureza.

__Éhhhhh, a gente perde as referências. As estações do ano, a Lua... A gente só sabe que é

lua-cheia porque a gente vê aquela bola luminosa... Antigamente, todo mundo se guiava pela

Natureza... Até pra cortar o cabelo...

__É verdade. Para plantar também. Estou me lembrando de "Não muito além do jardim", em que

o jardineiro dispara a "podar no inverno para colher na primavera".

Lembrei-me que o maior peixe que peguei, "Madalena, o surupeuta", foi numa noite sem lua, a

Nova... Mas não deu para lhe falar sobre isso, pois ele continuou:

__Um amigo meu me disse que o mundo está disperso. As pessoas lêem, mas não entendem, nem

se entendem... Por exemplo, ele me chamou a atenção para um ditado popular. O povo vai

repetindo sem saber. A maioria diz: "Quem não tem cão caça com gato." Mas, ele me despertou.

Ele me disse que o certo é a gente dizer: "Quem não tem cão caça como o gato." Pois, gato é

que caça sozinho. A gente nem consegue levar gato pra caçada. Alguém leu, entendeu pela

metade e saiu repetindo, e a moda pegou. Todo o mundo quer ser superior, é uma soberba

danada...ninguém dá valor pro que lê. Lê, mas não cumpre...porque não entendeu direito.

__Você está até me lembrando de um provérbio religioso, com o qual estou incucado esta

semana: "Do pó vieste ao pó retornarás."

__Como é que é?

__ "Do pó vieste ao pó retornarás." Se lido ao pé da letra, fica parecendo que a gente é

mero pó. Fica parecendo que tudo que a gente já fez não vale nada. Por mais que a gente

construa: família, livro, amizade... Mas, se a gente interpretar o provérbio do meu modo,

a gente pega outro ar. Eu penso que vim do pó de Graça, que recebi de graça, da Graça

Plena de Maria, e o que me compete é retornar ao pó que me resta em vida, e cheirá-lo

como rapé. Uma pitada aqui, outra acolá, pra me lembrar de que estou vivo e ainda posso

construir muita coisa de Bem. Ao pé da letra, aquele provérbio pra mim soa como uma

falsa humildade.

__Éhhhhhhhh, mas depende do momento em que ele é aplicado. Tem muita gente soberba,

que acha que é o rei do mundo e, nessas horas, vale a pena lembrar esse provérbio,

pro sujeito cair na real.

Agora, entra a segunda faixa de Bach, "Bub und Reu", "O rapaz e o arrependimento". E

continuo a relembrar-me da conversa. Ele disse:

__Tenho um outro amigo, um senhor mais velho que eu, que me despertou para uma coisa.

Ele me disse que quando Jesus disse: "Amai ao próximo..."

__ como a ti mesmo." Emendei.

__como a ti mesmo"... Ele é muito estudado... Ele disse que tudo nesse mundo é

questão de hierarquia: no trabalho, na orquestra, nas forças armadas, nas religiões,

na família... E que o mandamento, quando diz "próximo", não se refere a quem está do

lado mais próximo da gente e, sim, aos seres que não raciocinam, aos irracionais, às

plantas, os animais, os rios, os lagos... Porque, se a gente não cuidar deles como a

nós mesmos, a vida acaba neste planeta...

__Hum, faz sentido. Você ampliou minha compreensão sobre esse mandamento. Quer

dizer que ele se refere, também, aos demais seres vivos...

__É, aos irracionais, porque os racionais somos nós. Eles é que são os desprotegidos...

__Hum... vou refletir sobre isso. É isso aí, a gente vai ajuntado essas coisas e elas

vão nos servindo como referências...

Pensei em dizer-lhe que "próximo" se refere, também, às pessoas, que o mais próximo

de mim sou eu mesmo, e que, com a Internet, a proximidade, hoje em dia... Mas, deixei

pra lá. A corrida tinha chegado ao ponto.

__Isso aí. São R$6,99...

__Sete. Tenho duas de um. Me dá cinco de troco.

__Não tenho a de cinco. Comecei agora.

__Um abraço. Como é seu nome?

__ Paulo Marques.

__O meu é Elpídio, amigo do Tim. Você já o conhece?

__Não. Ele é taxista?

__Não, deixa pra lá. Até outra hora.

__Até!

Quando terminei de registrar esta conversa, disparei a terceira faixa de Bach, "Ich

will dir mein Herze schenken", "Quero presentear-te com meu coração." Leio do folheto

do CD, cujo autor é Fritz de Haen, que Friedrich Nietzche assim avaliou a composição,

em 1870:

"Esta semana eu ouvi a Paixão de São Mateus do divino Bach três vezes, cada uma delas

com o mesmo sentimento de um enorme contentamento. Quem quer que tenha esquecido

a Cristandade, vai ouvi-la aqui realmente como um Evangelho."

Ainda não tive esse "enorme contentamento", embora tenha a ouvido quase que diaria-

mente. Mas, quando a ouço, algumas faixas me dão um encorajamento e um entusiasmo

muito forte. Parece que essa obra ajuda a gente a combater o estresse do dia-a-dia.

Mas, o interessante do folheto de Fritz de Haen é ficar sabendo que o divino

Johann Sebastian Bach ajuntou muitas referências de obras anteriores a ele, sobre a

história da crucificação de Cristo que já vinha sendo contada desde a Idade Média,

cantadas desde o século XV.

O coro duplo da Paixão segundo Mateus resultou de uma técnica que ganhou força

durante o florescimento de Veneza, depois que já havia sido documentada na corte de

Ferrara. Heinrich Schutz introduziu a tal técnica na Alemanha, depois de nutrir-se

dela em Veneza, no século XVII.

Bach teria se valido, também, de recitativos e árias, além dos típicos corais

luteranos e de peças simples que proporcionam à comunidade uma forma de participar

dos serviços religiosos, ficando fácil de serem cantadas por ela. A faixa "Haupt

voll Blut und Wunden", "A cabeça ferida e cheia da sangue", teria tido como

referência uma composição do renascentista Hans Leo Hassler.

O texto básico teria sido fornecido pelo escritor "Picander", pseudónimo de

Christian Friedrich Henrich, 1700-1764.

E Haen diz que "Para os compositores contemporàneos, era quase normal citar obras

escritas anteriormente por eles, ou por colegas, e inúmeros exemplos desta atuação

podem ser encontrados através da obra deste grande músico... A extensão de quanto

ele foi bem sucedido com isso pode ser deduzida pela popularidade que a obra

conseguiu desde o princípio do século XIX."

De tudo isso, lembrando-me do Paulo Marques, concluo que quem sabe ler e põe em

prática o que lê, sem dúvida, pode até se tornar uma pessoa divina...Hora de me

lembrar do pó...

Agora, ponho em cena a faixa cinco, "So ist mein Jesus nun genfangen", "Então,

meu Jesus agora está preso". Paradoxalmente, quando acabo de criar um texto,

penso que ele é um fruto do ventre da minha Graça, desejoso de ser lido como

bendito, e tem Jesus como referência. É como se renascesse Jesus em mim, leve,

livre e solto.






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