Neste mundo tão hostil
Às vezes o tempo esquenta
No molho da amizade
Alguém bota uma pimenta
Aí vira um reboliço
Gente boa faz enguiço
Quem é de paz se lamenta.
Todo mundo experimenta
Os dissabores da vida
Mas a Natureza é sábia
Fere e cura a ferida
No reino dos animais
E até entre os vegetais
Há uma lei definida.
A paz não é garantida
Sequer para os minerais
Ser humano ganancioso
Cobiça raros metais
E no auge das façanhas
Põe abaixo até montanhas
Poluindo mananciais.
No verde mar os corais
Dão um adeus silencioso
E o imenso oceano
Aos poucos fica raivoso
De repente ele faz guerra
Maremoto invade a terra
Num cataclismo horroroso.
Um vendaval pavoroso
Resolve fazer faxina
E o povo encurralado
Dá-lhe nome de menina
Talvez pedindo em vão
Que o forte furacão
Seja Miss Mundial Katrina.
Nos céus a face divina
Estampa-se nas estrelas
Elas brilham no silêncio
Por isso ninguém quer vê-las
Gostamos é de som alto
Correria no asfalto
Fechem portas e janelas.
No cume plantas tão belas
Não temem o precipício
Despencam-se lá de cima
Mostram o podre no início
Jesus nosso mediador
Trouxe ao mundo paz e amor
As armas do armistício.
Fez sermão e não comício
Não adotou nenhum rito
Para um mundo de paz
Entre os povos sem conflito
Menos bomba e mais juízo
O diálogo é preciso
Nada se ganha no grito.
É pelas mãos do perito
Que a sangria se estanca
Se a paz é consolidada
Esta não mais se desbanca
Transpõe os vales e montes
Constrói caminhos e pontes
E ostenta bandeira branca.
Eu não quero botar banca
Pretendo destilar mel
Qual uma abelha no favo
Faço idêntico papel
Em versos adocicados
E por bem intitulados
Amor e Paz no cordel.
Não desejo o amargo fel
Mas perfume de florista
Por isso mesmo pergunto
Pousando os olhos na pista:
Cadê Maria Bonita
Para alegrar nessa fita
A alma do cordelista?
Não querendo ser machista
E tampouco interesseiro
Afirmo que está faltando
Muita dama pra parceiro
Também digo sem engodos
Que procuro ser de todos
Amigo e companheiro.
A lã não pesa ao carneiro
Este tranqüilo a carrega
E o cristão consciente
Pesada cruz não renega
Também com a sua verve
O poeta à Musa serve
E ao verso se entrega.
Acho que ainda não chega
Para quem sente e pensa
Uma guerra de poesia
Nenhum poeta dispensa
Com sua ginga no jogo
Faz o cordel pegar fogo
Esta é minha sentença.
O que não vale é ofensa
Pois isso não leva à nada
Porém sei que a serpente
Não aceita ser pisada
E por ser muito esperta
Dá o seu bote na certa
Em quem merece a picada.
Flores ao longo da estrada
Perfumam todo o caminho
E com isso o viandante
Cura-se da dor do espinho
Assim sigo passo a passo
Em busca do meu espaço
Também de amor e carinho.
Não quero viver sozinho
Nem morrer na solidão
Darei sempre um abraço
Em quem me estender a mão
Com os que eu considero
Na última ceia eu quero
Partilhar de vinho e pão.
Que depois disso o chão
Meu corpo inerte devore
E se alguém sentir saudade
Reze por mim mas não chore
Nos céus minh’alma repousa
Sem almejar outra cousa
Senão que o mundo melhore.
Só uma frase decore
Quem deseja progredir
E que a custo se aprende
Em nosso curto existir
Para uma vida serena
Uma lição vale a pena:
Falar menos que ouvir.
Acredite no porvir
Você nasceu pra lutar
Chorando veio ao mundo
E ao vê-lo aqui chegar
Todos riam dessa sorte
Mas depois de sua morte
Outros tantos vão chorar.
BENEDITO GENEROSO DA COSTA
benegcosta@yahoo.com.br
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