Lendo uma entrevista na Veja e, hoje, sua biografia ao meu respeito, resolvi agitar o grupo propondo um debate. Por favor dê uma olhada. Ainda não enviei. Não sei se está um pouco pesado para começar...
Em entrevista realizada por Eduardo Salgado para a Revista Veja de 12 de março de 2003, com Adam Phillips, organizador da segunda tradução do alemão para o inglês da obra de Sigmund Freud, a depressão foi citada em dois momentos.
"Muitas pessoas conseguem suportar o mundo contemporâneo apenas num estado de depressão. Se não estivessem assim, ficariam enfurecidas e tentariam mudar o mundo. Hoje trabalhamos e produzimos numa velocidade que impede a reflexão sobre o significado de nossa vida. Estamos hipnotizados. Vivemos em sociedades em que é mais importante ser rico do que ter amigos íntimos, mais importante ser famoso do que amar. Isso é enlouquecedor. Estamos todos muito sós e famintos de contatos eróticos que sejam genuinamente criativos"
O que é depressão?
"Para muita gente, é melhor estar quase morto que totalmente vibrante diante de uma situação difícil. A depressão funciona como um escudo para evitar situações conflituosas. Esse tipo de comportamento certamente aumentou. Dito isso, sofremos de outro tipo de problema. É a indústria do diagnóstico. Nos consultórios, qualquer tristeza é chamada de depressão".
Minhas considerações
Com depressão diagnosticada em 1993, procuro, dentro do possível, dar meu testemunho de como venho controlando e administrando esta doença. Moro em São Paulo - SP - Brasil - tenho 36 anos, sou assessor de imprensa, artista plástico e colunista;
Proponho, a priori, iniciarmos um amplo debate sobre este tema. Devo dizer que concordo com o depoimento do psicanalista inglês.
O que direi a seguir tem referência apenas ao meu caso, é somente um testemunho de vida. Não estou fazendo apologia a nada. Não sou médico. Cada caso é um caso.
Minha depressão foi diagnosticada sem qualquer exame apurado. A partir daí passei por sete auto-internações em clínicas psiquiátricas apenas com o que eu dizia estar passando. Não passei por nenhum exame neurológico.Cheguei a tomar Gardenal, que, pelo que eu saiba, não tem nada a ver com depressão. Não sou médico. Como os medicamentos halopáticos anti-depressivos levam vinte a trinta dias para entrar na rede sanguínea, e o número de efeitos colaterais é bastante grande, é necessário testar vários medicamentos até acertar o ideal. Digo acertar pois percebi que é meio loteria mesmo. Tomei Prosac, Anafranil, Tofranil, entre os que me lembro.
Acho que estamos caminhando para o que chamo de psiquiatrização da vida, qualquer tristeza é encarada como depressão. Em alguns casos, como o meu no início, usei a depressão como uma fuga, um escudo contra o mundo. não estou dizendo o que muitos dizem: depressão é frescura e etc... Isto é um absurdo e passei por isto. Senti na pele. Alguns chegaram a dizer que tinha sido falta de apanhar quando criança. Não podemos encarar por nenhum destes extremos.
Pergunto? Qual é o critério médico para a depressão ser diagnosticada?
Espero ser suficiente para começarmmos a debater o tema.
Silvio Alvarez
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