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Contos-->Era uma vez... um resgate! -- 12/10/2000 - 23:41 (Il Pagliaccio) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Epitáfio
Aqui jaz o conto de fadas, construção antiqüíssima para agradar crianças. Saudades dos seus, que te saúdam com um conto de fadas para os adultos que não perderam seu espírito infantil.
Réquiem aeternam dona eis.
Et lux perpetua luceat eis.

* * *

Era um vez um reino muito distante chamado Puerilândia. Lá vivia o rei George e sua filha, a princesa Anita. O rei era viúvo e Anita fora criada desde bebê por sua ama Olívia. Um dia, passeando com ela pelos imensos jardins do castelo, Anita, curiosa, perguntou-lhe:
- Olívia, o que existe além das muralhas do castelo?
Assombrada com a pergunta, Olívia responde:
- Além das muralhas?! Minha filha, nunca queira conhecer o mundo lá fora, pois é um mundo cheio de tristezas e pessoas más.
- Mas eu vejo um mundo tão bonito através da janela de meus aposentos! Não posso acreditar que lá só existam pessoas más.
- Porém, nem tudo é o que aparenta ser, minha querida. – responde a aconselhadora ama.
Anita finge aceitar o conselho, mas sua curiosidade só aumenta.
Já escurecia e a ama levou a bela princesa para seus aposentos. Após aconchegá-la para dormir, Olívia desceu para tomar seu caldo de mocotó noturno juntamente com o rei, que a esperava já degustando um excelente licor de catuaba.
Ao perceber a ausência da ama, Anita, movida por sua cega curiosidade, levantou-se, teceu uma corda com alguns lençóis e desceu pela janela de seus aposentos.
Já sabendo há muito tempo da existência de uma passagem secreta escondida por alguns arbustos na muralha, Anita consegue, finalmente, sair do castelo.
Já era noite e a floresta tornara-se sombria. Anita sentia muito medo.
Neste momento, a doce princesa depara-se com uma encantadora fada, que a interroga:
- O que fazes aqui, linda menina? Já é noite e a floresta está escura!
- Sabe o que é, encantadora fada, minha vida de princesa estava se tornando muito chata e solitária, por isso decidi conhecer o mundo além das muralhas.
- Então é você a linda filha do rei?! A bela e doce princesa Anita?!
- Sim, sou eu.
- Venha comigo, Anita. A floresta é escura e perigosa. Eu a levarei para minha casa, lá você estará protegida.
- Oh, encantadora fada, como és bondosa!
Num passe de mágica, Anita e a fada chegaram a uma humilde casa, e Anita foi surpreendida por uma terrível revelação: a encantadora fada transformara-se na terrível bruxa Sexta-Feira.
Assombrada, Anita desmaiou.
Enquanto isso, já amanhecia no castelo e Olívia adentrava aos aposentos de Anita. Qual não foi o seu desespero ao perceber que a adorável princesa havia fugido pela janela.
Desesperada, Olívia aclama pelo rei:
- Majestade! Majestade! A querida princesa fugiu!!!
Sobressaltado, o rei esbraveja:
- Quem fugiu? Mas como? Bando de incompetentes! Chamem o capitão da guarda!
Imediatamente o capitão apresentou-se ao rei:
- Chamou majestade?
- Claro que chamei, seu idiota. Ordeno que escrevas um decreto e o cole na praça da cidade com os seguintes dizeres: “Aquele que encontrar e trouxer com vida a princesa, terá como recompensa a sua mão em casamento”.
Assim foi feito e, ao entardecer daquele dia, apresenta-se ao rei um humilde e belo plebeu de nobre coração, que vai todos os dias ao bosque cortar lenha. Esse se oferece para salvar Anita.
Diz o rei ao plebeu:
- Mas você?! Um desgraçado plebeu?! Como ousas ser tão petulante?! Desapareça da minha presença!!!
Humilhado, o plebeu de nobre coração, que vai todos os dias ao bosque cortar lenha retira-se muito triste.
Três dias se passaram e ninguém se ofereceu para resgatar a princesa, pois todos temiam a floresta. Diz a lenda que lá vive a malvada bruxa Sexta-Feira.
Arrependido do que fizera ao plebeu de nobre coração, que vai todos os dias ao bosque cortar lenha, o rei manda chamá-lo:
- Ainda aceitas salvar a minha indefesa filha?
Com dignidade, responde o plebeu de nobre coração, que vai todos os dias ao bosque cortar lenha:
- Aceito vosso pedido, majestade. Prometo trazer-lhe a princesa sã e salva.
- Então pegue o que quiser e parta imediatamente!
O plebeu de nobre coração, que vai todos os dias ao bosque cortar lenha, pegou um cavalo e uma espada e partiu.
Já distante do castelo, o corajoso plebeu de nobre coração, que vai todos os dias ao bosque cortar lenha, ouve alguns gritos por entre as árvores:
- Socorro! Socorro! Alguém me ajude!
Era um duende sendo perseguido por uma terrível serpente.
Desembainhando a espada, o nobre plebeu de nobre coração, que vai todos os dias ao bosque cortar lenha matou a venenosa serpente e salvou o encantado duende.
Muito agradecido, o duende diz:
- Muito obrigado, gentil plebeu de nobre coração, que vai todos os dias ao bosque cortar lenha. Como posso retribuir-lhe por ter salvo a minha vida?
Aproveitando o ensejo, o plebeu de nobre coração, que vai todos os dias ao bosque cortar lenha, não sabendo por onde começar a sua missão de salvamento, pergunta ao duende:
- Preciso de uma informação. Sabes algo sobre o paradeiro da princesa Anita?
Espantado, o duende responde:
- Sim, infelizmente eu sei. Ela foi raptada pela terrível bruxa Sexta-Feira.
- E onde posso encontrá-la?
- Oh, procuras pela bruxa?! Ela vive ao norte da floresta, perto do lago Titicaca. Tome cuidado, ela é má. Leve consigo esta foice mágica para defender-se dela.
O plebeu de nobre coração, que vai todos os dias ao bosque cortar lenha agradeceu e seguiu para o norte.
Após alguns dias cavalgando, o plebeu de nobre coração, que vai todos os dias ao bosque cortar lenha avista o lago Titicaca e a casa de Sexta-Feira logo adiante.
Enquanto isso, na tenebrosa casa Anita está engaiolada. A malvada bruxa consulta seu laptop mágico (com Internet, claro) e nota que o plebeu de nobre coração, que vai todos os dias ao bosque cortar lenha se aproxima.
Eis que soa a aldrava da porta, e a bruxa pergunta:
- Quem bate?
- É o frio... Não!!! Eu me enganei!!! É Frederico, o plebeu. Estou a procura da princesa Anita. Sabes onde posso encontrá-la?
- Acho que posso ajudá-lo. Entre. – responde Sexta-Feira, disfarçada de bondosa fada.
O ingênuo plebeu de nobre coração, que vai todos os dias ao bosque cortar lenha aceita o convite e entra. De repente, a porta se fecha e o plebeu avista a princesa trancafiada em uma grande gaiola.
- Eu acho que eu vi um plebeuzinho! Eu vi sim! Eu vi sim! – exclama Anita.
Percebendo a armadilha, o plebeu de nobre coração, que vai todos os dias ao bosque cortar lenha parte empunhando a espada em direção a fada, que já revelara ser a cruel Sexta-Feira.
Ameaçada, a bruxa pega seu machado encantado e parte para cima do plebeu, que desvia-se facilmente.
Furiosa, a bruxa apanha, com um balde, água fervente em seu caldeirão borbulhante e atira em Frederico. Ele tenta desviar-se, mas é atingido no antebraço direito, provocando-lhe uma horrível queimadura.
Valente, Frederico ataca novamente a bruxa que, atemorizada, tenta fugir e acaba tropeçando em seu gato preto de estimação, caindo de costas e batendo a cabeça em uma mesa de canto.
Na queda, Sexta-Feira fica desacordada e o plebeu de nobre coração, que vai todos os dias ao bosque cortar lenha, tomando o machado da bruxa, lança-o contra a corda que suspende a grande gaiola, fazendo com que essa caia e assim, como a portinhola desta cedera com a queda, Anita pôde sair, sendo salva pelo plebeu de nobre coração, que vai todos os dias ao bosque cortar lenha.
Frederico e Anita saem da tenebrosa casa e montam em um cavalo que os levará devolta ao reino da Puerilândia.
Enquanto isso, Sexta-Feira já recuperara-se da queda. A primeira coisa que fez foi jogar seu gato dentro do caldeirão para servir no almoço. Depois disso, ela apanhou seu rodo alado e partiu em perseguição dos fugitivos.
Rapidamente ela consegue alcançá-los e, voando sobre eles, assusta o cavalo, que dá uma guinada e derruba Anita e Frederico. Ambos caem e batem a cabeça em uma pedra, ficando desacordados.
A bruxa, aproveitando-se da situação, amarra Frederico com cipós em uma árvore e toma a sua forma física. Depois, pega Anita e o cavalo e parte em direção do castelo.
Já no castelo, Sexta-Feira, disfarçada de Frederico, vai a presença do rei para devolver-lhe a filha. Seus planos eram de, uma vez novamente no castelo, Anita seria manipulada por encantamentos que um dia fariam com que seu pai entregasse o reino para a latifundiária bruxa.
No exato momento em que o rei, muito feliz, está reencontrando sua filha, eis que Frederico aparece, em frangalhos, perante a sala do trono, pois caminhara como um cigano por vários dias e se não fosse a ajuda de uma lâmpada mágica, habitada por um gênio econômico que lhe concedeu apenas um desejo, não teria conseguido chegar a tempo.
- Parem!!! Majestade, este que está em vossa presença não é o verdadeiro plebeu que partiu para salvar sua filha. Na verdade é a terrível bruxa Sexta-Feira, que a seqüestrou e agora tenta enganá-lo.
- Isso é mentira, majestade! - diz a bruxa disfarçada de plebeu - Eu salvei Anita. Eu sou o verdadeiro plebeu de nobre coração, que vai todos os dias ao bosque cortar lenha. Aquele é o impostor.
- Silêncio! - esbraveja o rei. Neste momento adentra ao recinto o coro real, que entoa:
"Senhor juiz, pare agora./Por favor pare agora!"
- Calem-se vocês também e desapareçam daqui imediatamente!!! - esbraveja novamente o rei para o coro. - Muito bem. Estamos num impasse. Vocês dois são idênticos e um trouxe-me minha filha e outro não. Pois bem. São exatamente vinte e três horas e cinqüenta e cinco minutos. Nenhuma bruxa pode ficar disfarçada após a meia-noite. Enquanto esperamos pela hora, que tal se vocês dois começassem a lutar um contra o outro para eu me divertir?
Ambos concordam imediatamente.
Tem início uma acirrada luta entre o plebeu de nobre coração, que vai todos os dias ao bosque cortar lenha e a bruxa que é seu sósia.
Desembainhando sua a foice mágica dada pelo duende, Frederico é o primeiro a atacar. Sexta-Feira, munida de um escudo e de seu machado mágico, devia-se e contra-ataca. Frederico não consegue desviar-se do contra-ataque e é atingido no braço direito. Para tentar estancar o sangue que jorra, ele arranca a manga da camisa que está vestindo e deixa a mostra a horrenda queimadura em seu antebraço, provocada pela água fervente que a própria Sexta-Feira havia lhe jogado.
Anita, que estava com muito medo, porém sua curiosidade não permitia que perdesse um único lance da luta, prestou atenção nesse detalhe e disse para o seu pai:
- Papai! Papai! Olhe...
- Silêncio! Não está vendo que eu estou apreciando uma boa luta? – retruca o rei.
- Papai! Papai! É importante. A marca...
- Que marca, menina? Do que está falando?
- Daquela queimadura no antebraço de um deles. Foi aquele que me salvou quando eu estava presa em uma gaiola feito uma louca! Observe que agora o outro também arrancou a manga da camisa e ele não tem uma marca como aquela!
Juntando as peças do quebra cabeça, o rei, genialmente, deduziu que aquele que tinha a marca era o verdadeiro salvador de sua filha. Nesse exato momento, o rádio-relógio real tocou seu alarme anunciando que era exatamente meia-noite.
Como dizia o rei, naquele momento Sexta-Feira assumiu novamente sua aparência de bruxa, e ficou evidente de uma vez por todas quem era o verdadeiro herói.
Utilizando-se dos incríveis poderes da foice, Frederico destruíra o escudo e o machado da bruxa e a imobilizara.
O rei ordenou que todos ficassem quietos e perguntou a bruxa:
- Porque você seqüestrou minha filha?
Sexta-Feira, com sua voz esganiçada, respondeu:
- Em primeiro lugar eu não seqüestrei sua filha. Ela que saiu do castelo por conta própria, além de ser uma idiota que fica acreditando em qualquer fada que aparece em sua frente. Eu apenas me aproveitei disso para por em prática um plano macabro que já tinha em mente há anos. Isto não é um conto de fadas. Em segundo lugar, por vingança, pois eu queria te destruir, George. Há muitos anos, você me deixou no altar quando íamos nos casar, para ficar com outra mulher. Você me traiu e me envergonhou perante todo o reino. Tive que me esconder na floresta e me transformei nisso que você está vendo. Mas você não vai escapar impune. Jogarei um feitiço terrível em todo o seu reino.Ah, há, há, há, há!!!
Dizendo isso, Sexta-Feira diz algumas palavras mágicas e lança um pó bem fino sobre todos os presentes. Era o pó-de-mico mágico. Imediatamente, todos começam a se coçar desesperadamente e ela tenta fugir.
Apesar da coceira, o plebeu de nobre coração, que vai todos os dias ao bosque cortar lenha consegue usar a poderosa foice e faz com que esta lance um poderoso raio sobre Sexta-Feira, que se transforma em um enxovalhado pano de chão, pois a foice estava com o prazo de validade vencido e não poderia transformá-la em fumaça ou algo do gênero.
Salvos das maldades da bruxa, e mesmo se coçando como macacos, o povo todo grita vivas para Frederico, aclamando sua bravura com uma mão e coçando-se com a outra. Anita corre para seus braços e diz carinhosamente:
- Meu herói!!!
Alguns dias depois, todos no reino já haviam se recuperado dos transtornos causados pela bruxa. O feitiço durara por pouco tempo e o reino voltou logo ao normal.

Naquele dia, todos estavam reunidos no salão principal do palácio. Sob os sons de clarins e acalorados aplausos dos presentes, Frederico, agora aclamado príncipe, adentra ao recinto. O rei diz:
- Graças a você, Frederico, minha filha foi salva das malignas mãos de uma bruxa e eu já lhe dei uma bronca por ter saído do castelo sem meu consentimento. Por isso, gostaria que você aceitasse a mão dela em casamento com as minhas bênçãos.
- Aceito-a de bom grado, majestade.
“Ainda bem!!! Consegui passar para frente este entrave!” pensou o rei.
Anita desceu do trono e atirou-se nos braços de Frederico, dando-lhe amorosos beijos. Tomando Anita nos braços, Frederico a levou para a carruagem com a qual iriam para o reino de Tchulitchulitchunflai, onde passariam a lua-de-mel.
Todo o povo acompanhou a partida e, do alto da janela principal do castelo, o rei e sua mais nova rainha, Olívia, se despediam do casal acenando com lenços brancos.
- Olívia, meu amor. – disse o rei para a antiga ama de sua filha – Já está servido o meu licor de catuaba?
- Sim, George querido. Está na sala de jantar juntamente com o meu caldo de mocotó.

E assim, todos viveram felizes para sempre.

THE END.
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