SOZINHA
Sozinha
no medo
no canto
na dor.
Na falta que não sinto
para ausência dividir,
farto-me de ser ouvidor.
Na virada das latas vazias
que zoam agonia
não conto com o imprensado da farinha,
preenchendo-me das manias.
Só,
nas ruas sujas de infelizes que vagam
na calçada dos deslizes,
ouvindo o apito do trem que parte lá distante,
partindo o coração,
lembranças para um instante.
finjo ver as luzes do arrebol
que enrosca ainda mais o bichinho caracol.
Sozinha de muita gente,
o ranger dos meus dentes braveja apatia,
sou embolia.
Um trovão abafa o meu gemido.
Choro baixinho.
O sal dessas lágrimas
misturam-se ao doce dos pingos da chuva,
tempero para os meus sentimentos cruz.
Culpo você,
que me despe a alma
que fere meu corpo
e cega-me a visão.
Me infesta os sentidos,
me atira ao chão.
Sua ingratidão surra-me o pó,
Faz parar meu coração
de tanta solidão.
Jair Martins 13/07/04 10:59h
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