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Cronicas-->Sobre: Um Cearense chamado Gonçalo -mscx -- 14/03/2003 - 16:44 (m.s.cardoso xavier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Um Cearense Chamado Gonçalo: Autor: Francisco Silva Nobre: Editora Milart: Rio: 2002/286p.
Por: maria do socorro cardoso xavier*

Lendo "Um Cearense Chamado Gonçalo" de autoria do F.Silva Nobre, - não sei quem é melhor se o biografado ou o biógrafo. Isto é brincadeira, só para iniciar este modesto comentário, de esplêndido livro.
O poeta cordelista em apreciação, Gonçalo é tão digno de nota quanto o escritor que o focaliza neste ensaio. Soube captar fielmente os traços e o jaez do trabalho do Gonçalo Ferreira da Silva - trazendo ao leitor versos e estrofes geniais do cordelista cearense, radicado no Rio de Janeiro, herdeiro da feira de São Cristóvão, onde se reuniam inúmeros migrantes nordestinos, para matar a saudade de seu torrão estorricado pela seca.
Manifesta-se acerca dos mais variados temas e acontecimentos: filósofos gregos, religião, messianismo, literatura, cangaço, lendas, figuras marcantes do futebol brasileiro, política, seca, fatos cotidianos, moral e outros. Inúmeros folhetos de natureza política, escritos ao sabor do momento acontecido, vieram à baila com comentários oportunos do ensaísta. Muito peculiar os folhetos que se inspiram na filosofia- ciência grega, o que revela no poeta Gonçalo, boas leituras, sua admiração pela cultura clássica, berço da civilização ocidental.
O Gonçalo, pela sua biografia traçada pelo escritor F. Silva Nobre, aqui epigrafado, é destes poetas iluminados, predestinados, tipo o poeta e amigos entre si,- sócios fundadores históricos da Academia de Cordel,- Paulo Nunes Batista. Profundo senso humanístico, grande odisséia pela vida; e já na vida adulta, após tantos percalços consegue um lugar ao sol, uma graduação superior - sem obstante jamais abandonar o mister divino de fazer versos. Um cearense e um paraibano - bardos nordestinos que vieram comunicar, conscientizar, educar através dos seus folhetos- tudo em prol do bem, enleiados pelo ideal de ver este país transformado num sonho mais bonito, numa seara mais verdejante e límpida.
Este ensaio - livro - antologia - é um presente ao mundo do cordel, legando preciosidades, em forma de versos e ricos comentários do autor,- a partir do rico imaginário do Gonçalo. O autor tece comentários pertinentes em torno de personagens e fatos do mundo artístico brasileiro. Como amostragem transcrevemos algumas estrofes de alguns de seus valiosos cordéis, publicados neste.

"Quando à casa de Marta
de Betània e de Maria
ia o Filho do Homem
restaurar a energia
claro que não era o Cristo
e sim Jesus que dormia"

"Grécia - eterno celeiro
tornada celebridade,
suprema constelação
cuja luminosidade
fez florescer para o mundo
os gênios da Humanidade."

"Os recuos não apagaram
de Platão a influência,
hoje é reverenciada
sua eterna sapiência,
a elevada nobreza,
a imensurável ciência"

"Galileu emprendeu
pesquisas de admirar
sobre dinàmica e estática
fez um estudo sem par
e o mais profundo
sobre o sistema solar"

"Como ninguém nunca soube
De Camões o pensamento
Para se fazer de fato
Um seguro julgamento
Pra todos, o trocadilho
Serviu de divertimento"

"No livro OS Sertões, Euclides
mostra ao povo brasileiro
a revolta de Canudos
projetando ao mundo inteiro
o beato conhecido
por Antonio Conselheiro"

"Cascudo escreveu até
momentos antes da morte,
foi um amigo fraterno
espírito elevado e forte,
fez sobre os nossos costumes
cento e cinquenta volumes
e todos de grande porte"

"Da Candelária a chacina
por envolver só meninos
nem de longe responsáveis
pelos seus próprios destinos
fez a população ter
mais repúdio aos assassinos"

"Garrincha nunca imitou
jamais gostou de bitola
e seria um grande homem
sem precisar de escola
se fosse tão bom da bola
quanto jogador de bola"

"Sentindo o quanto é efêmera
esta vida transitória
Getúlio escreveu a frase
Que o povo tem na memória:
-Amigos, saio da vida
para entrar na História"

"Tancredo foi, de político,
sustentáculo, balaústre
se o mais ilustre eu disser
peço que ninguém se frustre
porque foi, seguramente,
neste século o mais ilustre"

Outro presente foi a criação pelo cordelista, da Academia Brasileira de Literatura de Cordel, no Rio de Janeiro, que vem unindo a classe poética, oficialmente a partir da sua fundação em 7-9-1988. A liderança do Gonçalo integrou, articulou todos, em torno desta singular instituição. Aí inúmeros poetas migrantes nordestinos desfilaram com seus versos inspirados, a exemplo o nosso já falecido, bom cordelista, Apolónio Alves dos Santos.
A união com a Casa de Cultura São Saruê - criada pelo escritor Umberto Peregrino - veio somar, com mais solidês e aí ações foram se somando positivamente. A doação do grande poeta e exímio cordelista, Paulo Nunes Batista - do valioso museu de seu pai, Francisco das Chagas Baptista, imorredouro cordelista do passado.
Gonçalo Ferreira da Silva, cearense de Ipu, nascido a 20/12/1937, radicado no Rio de Janeiro, desde sua adolescência, para onde veio batalhar a sobrevivência. Superou as dificuldades no percurso. Tem vida cultural significativa, pertence a diversas entidades lítero-culturais do país. Autor de 200 opúsculos de literatura de cordel; ensaios; artigos em revistas; jornais acadêmicos e outros. Também enveredou pelo soneto, pelo visto, deu certo.
Quero parabenizar ambos: biografado e biógrafo - pela peculiar obra, poetas e intelectuais dialogando. Rápidos dados sobre o autor do livro: Francisco Silva Nobre - presidente da Federação das Academias de Letras do Brasil; da Academia Pan-Americana de letras.Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro; da Academia Brasileira de Cordel e de diversas outras entidades culturais. Autor de: Alegria de Viver; Juvenal Galeno, poeta popular; No Sesquicentenário do Padre Cícero e Na Terra Como no Céu.

(*) a autora deste comentário, é autora de Tesouro Redescoberto- A riqueza do folheto em verso.Pernambucana, poeta, professora, radicada na Paraíba. Autora de mais seis livros, entre poesia, pensamentos e memória.
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