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Contos-->O MUTANTE DO CU FALANTE - PARTE 4 -- 18/10/2003 - 18:31 (ASCHELMINTO da SILVA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Uma luz de esperança brilhou no coração de Herr Karl, que abandonou de vez o sofrimento e a autopiedade a que se entregara desde o nascimento do pequeno Joseph.
Parecia que, tendo chegado ao fundo do poço, ele fora resgatado daquele funesto e deplorável estado de espírito por alguma força misteriosa que jazia dentro de seu coração.
De repente o amor falou mais alto e revestiu seu espírito de uma incrível armadura, encorajando-o a lutar contra tudo e todos que pusessem em risco qualquer possibilidade de felicidade para seu garoto.
Naquele dia ele fechou a cervejaria e dirigiu-se para casa com um caminhar firme e decidido. Seus olhos sorriam para o dia ainda claro, do verão setentrional, enquanto de seus lábios ecoava uma canção que deixava entrever a esperança que se abrigava, firme, dentro de seu coração.
Ao chegar em casa, abraçou ternamente sua esposa, que se manteve calada, embora surpresa. Beijou-a e agradeceu por sua perseverança e confiança em Deus, pois agora ele também podia confiar, tendo abandonado os turbilhões de pensamentos negativos que o assaltavam desde o nascimento de seu filho.
De mãos dadas, seguiram até o quarto onde o menino dormia, e se puseram ao lado do berço, olhando-o demoradamente. As lágrimas correram, copiosas e fáceis, mas não havia em seus corações o travo de dor que amargava suas vidas desde que eles receberam no seio da família aquele menino tão especial. Agora mesmo, uma alegria, ainda acanhada parecia lhes dizer que, se estivessem dispostos a lutar, poderiam transformar seu pequeno rebento num homem realizado e feliz, sem que sua deformidade o aprisionasse na vergonha e no medo de ser feliz.
O menino dormia tranqüilo, parecendo mais um anjo, mesmo tendo sua face deformada pela indesejável presença de um ânus. Mesmo assim, aquela criança inspirava em seus pais os mais belos sentimentos, de amor e fraternidade, e eles juravam, interiormente, fazer tudo que estivesse a seu alcance para que ele crescesse feliz e livre de preconceitos, custasse o que custasse.
E assim foi.
Joseph era criado como uma criança normal, mas ciente de sua condição, pois seus pais não escondiam dele que era uma criança diferente, mas que isso não o fazia inferior às demais.
O dia em que o garoto deixou a casa para passear com seus pais, foi para ele um dia de grande alegria e satisfação.
Herr Karl e Frau Ingá seguiam orgulhosos pelas ruas do bairro, empurrando o carrinho, onde o garoto, curioso e entusiasmado com a novidade, empolgava-se a todo instante, vendo coisas que até então desconhecia. Criava-se ali um vínculo de amizade e confiança, entre o garoto e seus pais, que seria de fundamental importância para sua auto estima.
Seus pais haviam tirado a fralda especial que usavam na face de Joseph, apostando na sorte de que ele não defecaria durante o passeio. Os vizinhos, que conjeturaram todo esse tempo sobre que tipo de aberração teria o filho dos Von Hobrach, pois que eles nunca mostraram a criança para ninguém, espantavam-se agora com a beleza e a placidez do rosto a criança, muito embora achassem sua boca esquisita, ela era rapidamente esquecida, quando miravam os grandes olhos azuis que dominavam aquele rosto rosado e redondo.
Em casa, Joseph se desenvolvia rapidamente, pois seus pais cuidavam para que ele superasse suas restrições fisiológicas, ficando cada dia mais auto-suficiente.
Ele foi ensinado a satisfazer suas necessidades no vaso sanitário, assim que aprendeu a andar. Sua posição ao defecar era a mesma que as pessoas normais usavam para vomitar, muito embora a coisa toda fosse muito constrangedora, com todas aquelas contorções que faziam seu peito arfar, e o volume que se formava em seu pescoço, quando o bolo fecal se aproximava do ânus. Mas havia uma facilidade muito grande para que sua higiene fosse exemplar, pois logo aprendeu a usar o papel higiênico, como seus pais usavam lenços ou guardanapos. O casal sentiu grande satisfação ao perceber este ponto positivo numa ação que é simples para adultos, mas que se mostra sempre difícil para crianças que ainda estão desenvolvendo suas habilidades motoras, e que por isso levam muito tempo para conseguir utilizar o papel higiênico com precisão e eficácia.
- Nosso filho tem chance sim!
Alegravam-se os pais de Joseph com aquela pequena vitória do menino. Um gesto tão comum e sem maiores méritos, converteu-se numa importante e festejada vitória para a família Von Hobrach.



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