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Cronicas-->A IGREJA NO CONFESSIONÁRIO -- 11/12/1999 - 12:06 (Jefferson Carvalho) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Esta semana soube que Sua Santidade, o Papa João Paulo II, pediu desculpas publicamente pelos crimes cometidos no passado pela Igreja Católica. Esta é uma atitude que me comove, mas ao mesmo me faz reportar com indignação a tantos crimes praticados, na maioria das vezes, de forma cruel e por motivos absurdos. Embora esta atitude do Papa seja louvável acho tardia, no entanto, antes tarde do que nunca.

A primeira fogueira para combater "heresias" foi acesa em 1022 pelo rei Roberto II, na França, e queimaram treze heréticos de Orleans. Porém, os crimes ditos em nome da fé foram oficialmente e "legalmente" instituídos com estabelecimento do chamado Tribunal do Santo Ofício em Verona, no ano de 1184, e vigorou até 15 de julho de 1834. Esse tribunal foi constituído para combater eventuais heresias cometidas pelos cristãos confessos e muçulmanos. Chamado, também, de Santa Inquisição, o Tribunal do Santo Ofício fortaleceu o Papa Lúcio III.. Mais tarde, os Tribunais de Inquisição multiplicaram-se por toda Europa.

Com o aumento dos Tribunais de Inquisição, a igreja passou a ter seus inquisidores fixos. Estes tinham que ser doutores em Teologia, Direito Canónico e Civil e terem, no mínimo, 40 anos de idade. Sua autoridade era dada diretamente pelo Papa. No entanto, às vezes, o Papa delegava a nomeação de inquisidores a um Cardeal, padre ou frade Franciscano.

Para tais inquisidores, era considerado heresia, dentre outras: a oposição à igreja de Roma e contestação à sua autoridade, erros na interpretação das Sagradas Escrituras, opinião diferente da igreja de Roma sobre as questões de Fé, criar ou participar de seitas ou colocar em dúvida a Fé Cristã, etc., etc. Por aí, já se nota como era difícil constituir qualquer idéia abertamente a respeito de religião, sem correr o risco de ver-se perante os inquisidores.

Se alguém caísse na desgraça de infringir uma dessas "orientações", era castigado terrivelmente. E os métodos usados para se obter a confissão de um transgressor, em alguns casos, era extremamente cruel, muitas vezes, levando o torturado à morte. Basta citar que, segundo o historiador norte-americano Enry Thomas, um dos métodos de obter a confissão, era a de se amarrar as mãos e os pés do torturado. Então, o carrasco abria sua boca e despejava água até que ele sufocasse ou confessasse. Um outro método era colocar a vítima em pé sobre carvão em brasas. Muitas vezes espalhava-se graxa em seus pés e pernas. Um terceiro método, segundo o mesmo historiador, era o de se amarrar as mãos da vítima para trás, levantando-a por uma corda presa por uma roldana. Quando a vítima estava no alto, o carrasco deixava-a cair até há alguns centímetros do solo. Aí, voltava-se o torturado outra vez para cima e repetia-se o ato por tantas vezes achassem necessário. Sem falar em tantas pessoas que tinham membros de seu corpo decepados, olhos vazados, ou, ainda, aquelas que eram condenados à fogueira.

A figura mais conhecida que foi vitimada na fogueira pela Inquisição foi a heroína francesa Joana D´arc (1412-1431). Joana D´arc, hoje tida como heroina nacional da França, achava que tinha a missão divina de unir seu país durante a guerra dos cem anos. Por sua coragem e determinação, foi posta na frente do exército francês, conduzindo-o à vitoria sobre a Inglaterra. Porém, em 30 de maio de 1431, o Tribunal Eclesiástico a condenou à fogueira, com a acusação de heresia e bruxaria.

Bem, a história comprova as injustiças praticadas pela igreja. O que é pior, achavam que o faziam em nome de Deus. Como se Deus aprovasse todos aqueles crimes, muitos deles com requintes de crueldade. Mas, os tempos são outros. Não estamos mais na Idade Média, sob o domínio e autoridade supremas da igreja, que mais por interesses políticos e económicos do que propriamente espirituais, mandava torturar e matar pessoas somente porque pensava diferente das autoridades religiosas.

A igreja, por receio de perder seu poder e regalias económicas, fazia de tudo contra aquele que se levantasse em oposição aos dogmas e preceitos por ela instituídos. Foi esse medo que norteou a instituição dos Tribunais de Inquisição e, em consequência, seus crimes. Não creio que houvesse interesse puramente espiritual de se preservar as Sagradas Escrituras de laivos que porventura denegrisse o nome da igreja e de Deus.

Os preceitos instituídos pelos Tribunais de Inquisição, estes, sim, mancharam o nome da igreja de Roma, pois deram-lhe autoridade sob um manto de "justiça" para praticarem os atos horrendos que cometeram. Eram, na verdade preceitos humanos e, por isso, não havia em nenhum deles qualquer indício da anuência de Deus.

Mas, que bom que hoje a igreja de Roma se pós no confessionário, reconhecendo seu erro e pedindo perdão. Eu de minha parte perdóo, resta perguntar às vítimas.





Jefferson Carvalho
bsba345@zaz.com.br
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