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Contos-->O MUTANTE DO CU FALANTE - PARTE 5 -- 25/10/2003 - 13:05 (ASCHELMINTO da SILVA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Joseph já andava sem fraldas, pois sabia controlar suas necessidades fisiológicas a ponto de dispensa-las. Seu desenvolvimento era grande para sua idade física. As primeiras palavras que pronunciara, “papá” e “mamã”, que tanto chocaram quanto emocionaram seus pais, agora eram faladas com maior precisão, e até frases inteiras ele podia articular sem grandes erros. O que tornava as coisas mais difíceis era o tom quase inaudível das palavras faladas a partir de suas nádegas, que ficava ainda pior com o uso de indumentária, que abafava o som emitido pela boca glútea da criança.
Mas Herr Karl teve uma idéia que se mostraria útil pelo resto da vida de Joseph.
Ele adaptou um sistema de microfone conectado a um mini amplificador, que aumentava o volume das palavras, e eliminava o espanto das pessoas quando percebiam a anomalia vocal do menino.
O microfone ficava posicionado entre as duas nádegas, imediatamente sobre a boca. Um fio o ligava a um amplificador preso à gola da camisa que Joseph usava, e tudo aquilo era alimentado por pequenas baterias presas a um cinto que ele levava na cintura. Dessa forma as palavras articuladas em sua bunda eram audíveis às pessoas com as quais ele falasse, e melhor, o som era emitido bem próximo ao rosto, o que tornava a conversação um pouco mais normal. O fato de que sua “boca” localizada na face, não se movesse durante a conversa, era explicado como um problema vocal que o impedia de usa-la, mas não era dito a ninguém, em hipótese alguma que aquele orifício era um cu.
Mas as dificuldades existiam. Uma delas eram os gases. Quando Joseph peidava, o fazia, evidentemente, pelo ânus, e os jatos de ar fétido eram expelidos diretamente na cara de seus possíveis interlocutores.
É claro que seus pais o treinavam e orientavam para que controlasse a emissão dos gases, sobretudo para que não o fizesse em público, mas sempre ocorriam aquelas escapadelas silenciosas, que se espalhavam rapidamente no ambiente, causando mal estar nos narizes mais sensíveis.
Sem duvida, o momento mais traumático para todos era a hora da refeição, que até aquele momento era feita somente entre Joseph e seus pais, excluindo-se a presença de quaisquer outras pessoas à mesa do Von Hobrach, assim como eles não participavam de nenhuma reunião com parentes e amigos que fosse ligada a uma refeição.
Joseph aprendeu a comer sozinho muito cedo, pois tomava sua mamadeira sem grandes dificuldades, apenas com um pouco de contorcionismo. Mas quando as refeições começaram a ficar mais sólidas, a coisa era diferente.
Frau Inga, pacientemente, o alimentava com papinhas de frutas e cereais. As sopas eram mais difíceis de se tomar. Nesses momentos, Joseph não ia à mesa, ficava sobre um colchonete, calças arriadas, a cabeça entre as pernas e a bunda para o ar. Sua mãe ia introduzindo em sua boca as colheradas de alimento, mas o menino já insistia em comer só, usando as mãos. Diversas vezes ele tomou a colher das mãos da mãe, e com certa dificuldade, devido à posição e à dificuldade motora natural da idade, ele introduzia em sua boca as porções de alimento, muito embora algumas vezes deixasse tudo derramar.
Sua mãe foi quem bolou uma maneira de por Joseph à mesa sem o constrangimento de vê-lo nu durante as refeições.
Ela serrou o assento de uma cadeira, de modo que Joseph, ao sentar, posicionasse sua boca diretamente na abertura. É claro que ele precisaria remover as vestes para poder comer, mas suas roupas eram reformadas para que se pusesse uma abertura atrás, fechada com velcro, que facilitaria o ato de comer à mesa, sem que precisasse se despir.
Herr Karl aprovou a idéia, e com satisfação os três sentavam-se juntos para o desjejum e as demais refeições, com alegria e descontração.
Joseph abria o orifício de sua roupa, sentava-se na cadeira furada e introduzia na boca as porções de comida, inicialmente com grande timidez e vergonha, mas depois, já com grande desenvoltura.
Até aquele momento ele se alimentava sozinho, ou ajudado por sua mãe, agora, pelo menos em casa, ele poderia participar das refeições em família com seus amados pais, sem grandes constrangimentos. Karl e Inga procuravam incentivar o filho a agir naturalmente, dando grande importância aos seus progressos, enquanto minimizavam suas naturais dificuldades.
O importante naquela família, tão especial, era não fazer comparações de seu filho com as outras crianças “normais”, pois a cada dia eles aprendiam que a normalidade é um conceito que mais escraviza que liberta, mais separa do que une as pessoas, e que estas são, por obra e graça divinas, infinitamente diferentes umas das outras, e assim é porque deve ser, e só.
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