Uma Literatura Tão Sem.
Prólogo
Escrever é sempre uma violência. Mas não estou bem certo se esse é o melhor início para um prólogo. Há escritores que fazem do prólogo uma arte, ou a razão de ser do livro, no mínimo. Há prólogos que, de tão bons, dispensam o livro... e o autor... e a crítica. Outros teorizam sobre o próprio prólogo. Este, não faz nem uma coisa nem outro, não fede nem cheira. Um prólogo tão não, tão sem, tão! Como fugir à maldição de escrever, essa autoviolação, esse engano? Fico com Brás Cubas: “O melhor prólogo é o que contém menos cousas, ou que as diz de um jeito meio obscuro e truncado”. E, no final, tudo pode se resumir ao piparote... Que diferença faz? Não espero, caro leitor, sua compreensão ou estima, seu ódio ou seu amor, sua dor de cabeça, sua simpatia inteira. Dizer menos, eis o segredo... coisas de não... só acrescentaria, ainda, que o melhor prólogo é aquele que nada diz e acaba assim, de repente, sem
Um Plágio
Fragmento de fragmentos, e tudo é fragmento!
(Devo essa educação ao Uilcon Pereira, que eu não conheci mas tenho certeza de que era o tipo de cara que poderia ter sido meu amigo na Faculdade. Valeu, Uilcon!)
Descoberta
de repente a gente aprende a olhar para baixo
e tem a primeira vertigem
e sofre o primeiro sufoco
mas aí a gente se acostuma
e descobre o diálogo com os próprios sapatos.
Uma Pobre Tentativa de Definição
A tentativa de fixar em imagens um fragmento da vida que se perdeu e, de perdido, é irrecuperável; a tentativa de revificar esse fragmento – que na verdade são muitos e intermináveis, que são tudo o que fomos e somos, indefinivelmente, é o que chamam, de um jeito meio canhestro
Literatura
Escrever, então, é amar o perdido, que confunde e engana nosso coração. É dar formas, contornos à memória, esse abismo em que nos quedamos sem salvação. Escrever é ensaiar uma vingança contra as traições da memória. Toda literatura é biográfica na medida exata em que não pode prescindira da... vida. Presente, Passada ou Futura, que volta a ser passado, que volta a anunciar o presente, que há de ser novamente futuro, que...
Desabafo
meu deus, estamos todos perdidos!
achados!
banidos!
danados!
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o meu tempo é
à margem
do que não dá pé
entre fato e ato
a viagem
(que ora se anuncia)
ao fim da noite
ao redor do quarto
em minha terra
a Poesia
profissão de fé
de quem parte
(sem engenho ou arte)
sobre o passo que se apressa
- Promessa
Até!
(também já fui poeta de estranhos versos alheios. às vezes um poema é a única saída contra isso, e o isso, não duvido, é o que se convencionou denominar: Vida. o que, sinceramente, já não vem ao caso!)
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Da Ação
Quanto a saber, sei muito bem – obrigado – o que tenho de fazer.
Acontece que eu não faço!!!! (Com um riso de auto-ironia. Como toda a frase deveria terminar.)
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No entanto, é preciso caminhar lento para não acordar as estrelas. Atravessar a noite. Essa noite densa. Essa selva escura. No meio do caminho dessa vida tinha uma pedra (tinha ou havia? isso importa? vem ao caso? ou é só uma questão de semântica?) Etcétera e Tal. O céu noturno é sempre dúbio, é sempre duplo - reflexo irrefletido - visto de qualquer décimo andar.
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P.S – Não me perguntem, caros leitores, porque eu também não sei o que é isso!
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