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Contos-->Por que Corre Tão Feliz Camponesa? -- 28/10/2003 - 00:19 (Graziella Davanso) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Graça chegou no cinema com o filme já pela metade, mas as cenas que viu, embora parecessem mais trailers de uma vida, seriam o suficiente para colocá-la em transe por alguns instantes e marcar sua memória em profunda identificação.
Na tela, a personagem principal, ou melhor, a única personagem até onde pode assistir, era uma jovem mulher morena, de cabelos compridos. Usava um vestido branco com uma espécie de avental escuro por cima. A imagem lembrava-lhe uma camponesa. O cenário tinha absoluta certeza que se tratava de algum lugar na Itália, talvez século XIX ou início do século XX, não sabia ao certo, mas lembrava-lhe um filme de época. A paisagem toda era cheia de baixos e altos relevos, marcações sinuosas cercadas de um pasto verde com árvores à direita. Não havia casas ou outras pessoas, apenas a jovem a correr pelo campo em direção ao alto de uma colina.
Graça estava fascinada com a cena da jovem correndo descalça, sorrindo e com as mãos segurando a barra de seu vestido simples, provavelmente para não tropeçar. Não parecia correr como quem está fugindo, mas como se estivesse feliz. Talvez, pensou Graça, ela estivesse correndo para alguém ou para algum lugar especial, ou talvez corresse sem rumo, mas seguindo um ímpeto de liberdade. Sim, a palavra mais apropriada para a cena que observava era liberdade. Parecia ser o que ela estava vivenciando. Sentiu uma profunda identificação com aquela jovem o que a fez lembrar-se de quantas vezes sentiu vontade de sair correndo por aí. Sabe que se a vida tivesse lhe proporcionado condições teria viajado pelo mundo afora conhecendo pessoas e lugares diferentes, adquirindo conhecimentos das mais diversas culturas. Sentia naquele momento a mesma alegria da jovem, quase que podia sentir também o vento batendo no rosto, o coração disparado de tanto correr.
Continuou a observar a cena agora se perguntando: Para onde ela estaria indo? Será que alguém a esperava no alto daquela colina? Será que se libertou de algo que a aprisionava? Será que está apenas seguindo seus impulsos de jovem quase “selvagem” que não admite rédeas e de modo algum se deixa dominar? Tudo são hipóteses que "quase" ficaram sem respostas, porque o filme foi interrompido antes do fim, mas dentro dela uma ressonância forte, talvez verdades atemporais da sua própria existência. Colocou-se, então, a meditar sobre aquela cena que mais parecia agora um quadro, uma pintura.
Graça sabe que tem uma mente fértil para “viajar” e um coração sensível que em alguns momentos parece até que vai explodir no peito, mas pés que tendem a puxá-la para o chão, para terra firme. Sabe que essas são forças tão distintas e intensas, uma a puxa para baixo, a outra a leva para as alturas. Aprendeu que deve sempre buscar dosar essas forças enquanto vive, porque já se machucou muito subindo distraidamente e de tal forma que a outra força a puxou para baixo sem piedade. Ela, assim como a camponesa, sempre buscou a liberdade, e ainda busca, mas compreende agora que seguir os impulsos cegamente só a manterá mais aprisionada, e que o resgate da sua liberdade é uma luta diária, um esforço constante e disciplinar. Olha para trás na sua própria história e vê que sempre teve algo que a mantinha inquieta, impaciente, sempre tomando a dianteira, correndo, correndo, buscando algo. Hoje, ela sabe bem o que procura, e compreende que o caminho precisa ser consciente, portanto, o faz agora mais calma, mais tranqüila, muito, mas muito mais madura. Aliás, amadureceu tanto em tão pouco tempo. Consegue a cada dia transitar melhor entre o céu e a terra sem se deixar conduzir por um ou por outro, sabe voltar. E sabe, acima de tudo que o vôo de liberdade acontecerá fortalecendo suas asas e buscando sempre ventos mais apropriados para a sua transcendência.
Graças Camponesa! Graças!
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