Usina de Letras
Usina de Letras
71 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62236 )

Cartas ( 21334)

Contos (13264)

Cordel (10450)

Cronicas (22537)

Discursos (3239)

Ensaios - (10367)

Erótico (13570)

Frases (50635)

Humor (20031)

Infantil (5434)

Infanto Juvenil (4769)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140808)

Redação (3307)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6191)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->Capturando Instantes -- 28/10/2003 - 01:01 (Graziella Davanso) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Uma quinta-feira, final de tarde...Lá fora as cores do dia ainda tão acessíveis, banhadas pela luz natural...
Graça finaliza seu trabalho no instante em que uma menina agora mais ágil e segura desenha uma estrela. Despede-se e começa a caminhar pela rua sem pressa. Ela adora caminhar, ver as pessoas, as cores, o que a faz meditar sempre ao voltar para casa. Uma amiga até já havia observado que ela parece estar em outro mundo enquanto caminha, mas ela sabe que está longe e perto ao mesmo tempo, que não é uma distração, pelo contrário, os acontecimentos ao seu redor tornam-se mais vivos.
É nesse caminhar que percebe que muitos, assim como ela, estão indo para casa, pessoas saindo do trabalho; crianças voltando da escola; senhores aposentados voltando dos bancos das praças; outros já a preparar o jantar para a família; ou saindo para um encontro marcado; ou para uma caminhada; ou resolveram fazer um "happy hour"; ou a rezar a Ave Maria; ou nem saíram de casa. Enfim, tantas pessoas a fazer tantas outras coisas. E ela pensa: "Quanta coisa pode caber em um instante!".
Os carros passam e o sol se põe, o vento está suave, mas começa a ficar mais frio. Dentro dela tudo serenando, os pensamentos e os sentimentos vagando de tal forma que um cheiro, um gesto, um detalhe é o botão que aciona automaticamente a máquina do tempo, uma âncora que a transporta para onde quiser, passado, presente ou futuro, mas ela prefere ficar no presente por um instante, assim vê de fora, vê de dentro, vê em dimensões.
Num outro instante, um desses botões a faz sentir saudades de outros instantes que não estão registrados em nenhum lugar nessa vida, mas num canto em algum lugar da memória reservados para momentos especiais que o tempo linear não consegue alcançar, mas a faz sentir através de sinais, de sensações, de sentimentos intensos, presenças vivas na alma. Graça sabe que existe um tempo dentro dela que é bem outro, o que a faz ficar mais tranquila, inclusive em relação ao tempo linear.
Entra no lúdico e pensa que grande barato seria poder ver a teia da vida em luz néon. Que surpresas teria? Possivelmente veria corações ligados, corações separados, pensamentos sintonizados, pensamentos contrastantes, coragem, medo, enfrentamento, fuga, alegria, tristeza, desejo, recusa, amor, ódio e tantas outras coisas.
Veria o movimento da busca de todos, inclusive o seu. Veria que uns buscam sem saber, outros bem conscientes. Alguns perdidos na rotina e se lamentando, outros renovando a vida a cada instante, fazendo a mesma coisa de um jeito diferente a cada dia e criando novas formas de viver. Tudo colorido e brilhante. Ah! Se pudesse tiraria fotos desses instantes, ou talvez relatasse tudo por escrito, ou gravaria em imagens e sons. Talvez disso surgisse um livre, um filme, ou apenas mais um registro na história a servir de prova que nada permanece, a não ser a "natureza da mente" como leu no Livro Tibetano do Viver e do Morrer. Como sabê-lo? Só nascendo e morrendo, morrendo e nascendo a cada dia, a cada vida até se esgotar. Para isso se entregar de vez, soltando o controle, seguindo o fluxo natural do rio da vida dentro de si mesma, e utilizando a intuição cada vez mais aguçada.
Numa expansão do mesmo instante, ou talvez na nascente de um outro instante, sente como diz a música que "há tanta vida lá fora e aqui dentro sempre como uma onda no mar...". Sim, a vida como uma onda no mar, que vem e vai e nunca é a mesma.
Aproveita o instante para desejar que essa onda, que "Graças a Deus" nunca é a mesma, traga para ela uma mensagem especial numa garrafa, ou uma concha que a faça escutar o som do mundo, ou quem sabe um barco trazendo quem tanto espera, ou, ou, ou...
Mas uma coisa ela compreende num outro instante, que o instante não pode ser pego, não é palpável aos olhos que só buscam o concreto, mas aos olhos que enxergam além. E é bem por isso que ela se percebe capturando instantes e registrando-os naquele cantinho da memória, que sabe bem, nada irá apagá-los.
E é nesse ir e vir da onda dentro de si e além que ela percebe que, muito mais importante que se questionar sobre quanta coisa cabe num instante, ou ficar capturando instantes, é se desapegar de uma porção dessas coisas e ficar somente com a essência do instante prenhe de possibilidades criativas de deixar morrer, deixar nascer, deixar morrer, deixar nascer, vislumbrando sempre um novo por vir que anuncia: nada mais será como antes.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui