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Artigos-->Falar Sobre Música Compensa? -- 05/07/2002 - 17:59 (Valdir Antonelli) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Estou fazendo a pergunta acima mais para mim do que para vocês leitores. E até agora não cheguei a nenhuma conclusão, escrevo sobre música a pouco tempo, mais ou menos seis meses, mas era uma vontade minha desde os tempos da antiga revista Bizz. E porque somente agora resolvi escrever você pode estar perguntando. Puro medo de escrever besteiras, de não ter um estilo, de me perder no meio das regras de português (tudo bem que este último, ainda acontece), ou seja, vergonha de fazer algo para outras pessoas lerem. Mudei esta minha postura graças ao apoio de um grande amigo e resolvi enfrentar de peito aberto.



Mas não era sobre as minhas experiências que eu quero escrever, mas sim sobre a difícil arte de escrever sobre música em um país onde pouca gente lê. Comparando com o número de habitantes que o Brasil tem, são poucos os que compram CD´s, tudo bem que o preço influi, mas isso é outro assunto. Destes que compram, uma ínfima parte vai atrás das publicações especializadas, aquelas que tentam mostras as novas tendências, os lançamentos. Para se ter uma idéia a revista ZERO teve seu primeiro número lançado a pouco, com apenas dez mil exemplares colocados a venda. Parece muito? Mas não é, só em São Paulo somos mais de dez milhões de habitantes.



Não tenho idéia dos motivos que levaram a Editora Abril a tirarem de circulação a Bizz, mas provavelmente deve ter sido o baixo número nas vendas da revista e o que sobrou? Bom, temos varias outras publicações, boa parte feita de forma independente e totalmente segmentada. Talvez procurando nichos estas revistas tenham se dado melhor, já que, teoricamente, tem um público certo, mas mas tem também o risco de terem apostado em algo que não passa de modismo, e com o fim do modismo, todos sabem o que acontece. É algo a se pensar antes de tentar entrar no mercado, nos tempos que o pagode estava no auge, várias publicações sobre este estilo surgiram, todas muito parecidas, trazendo os mesmos grupos nas capas. A onda do pagode passou e quantas sobreviveram? Olha, se tiver sobrado uma é muito. O mesmo sobre o sertanejo, forró, ritmos baianos. As únicas que se salvaram são as sobre heavy e rap, por terem um público mais avesso à moda, e mesmo estas não podem se vangloriar de ter uma tiragem grande.



E o que sobra para nós, simples mortais que gostamos de ler sobre música, mas não apenas sobre um estilo especifico, onde normalmente, outros tipos de som são massacrados e tratados como lixo? Bom, tínhamos a Bizz, temos a Dynamite, que mesmo sendo voltada a um som mais pesado, ainda fala sobre outros assuntos e quais mais? Bom, apareceram em abril e maio outras duas, a revista Frente, e a já citada ZERO. A primeira fala mais sobre grupos novos e a segunda, segue uma linha parecida com a da finada Bizz, falando sobre comportamento, música, viagem. Mas é pouco, só que este pouco nos remete a outro problema. É pouco porque o brasileiro não esta acostumado a ler e por isso não compra jornais e revistas. E porque não compra? Porque não gostam de ler, afinal a leitura no colégio sempre veio em forma de castigo,não de prazer. Além de nunca ser cobrado dele este hábito, nem mesmo nos seus primeiros anos de estudo, então como cobrar isso agora? Como querer que ele fique instigado para comprar uma nova revista?



Falta ao brasileiro a cultura de ler, não só sobre música, mas no geral. Falta ao professor incentivar aquela criança que esta entrando agora na escola para que leia, é não é tão difícil assim fazer isso. Tenho um sobrinho que adora ler, simplesmente porque desde pequeno foi incentivado a isso com aqueles livrinhos cheio de figuras e textos pequenos, hoje ele quer ler tudo que lhe passa pela frente. Mas não venham falar que estes livros são caros, já que custam em algumas livrarias de São Paulo apenas um real. O problema é mais embaixo. Lembro do meu pai, quando assinei um jornal pela primeira vez, falando que eu estava jogando dinheiro fora, pra que ler aquilo se tudo aparecia antes na TV ele dizia. Ou ainda quando ele falava que eu estava lendo lixo, quando aparecia com uma revista sobre música, ou mesmo que eu era indecente por levar uma Playboy pra casa. Gente Playboy não são só as fotos...



É esta a visão que boa parte dos brasileiros tem da leitura, algo supérfluo, inútil, que vai te fazer gastar dinheiro mas não vai trazer nada de bom. Absurdo? Sim, para nós que nos acostumamos a ler até bula de remédio. Mas não é para aquele que não foi incentivado a ler, meu pai por exemplo.



Sei que no meio do artigo eu mudei um pouco de rumo, mas é que uma coisa leva a outra. O mercado editorial brasileiro tem chance de ser um dos maiores do mundo, afinal somos mais de 200 milhões de pessoas neste país, mas não é porque o povo não gosta de ler e o povo não gosta de ler porque nunca foi mostrado que ler também pode ser um prazer. Poucos são aqueles que tiveram uma professora como a Dona Maria Estela, que incentivava os alunos a ler, ou então um chefe, como o Seu Guimarães que deixava um simples office boy pegar seu jornal na parte da tarde para passar o tempo. É isso que tem que ser mudado.



No fundo, acho que o titulo desta coluna poderia ser outro: Escrever, vale a pena?
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