Para as grandes editoras, poeta bom é poeta morto. Bom aqui significando viável comercialmente. Viável comercialmente por sua vez tanto pode ser que dê lucros de vendagem ou proporcione um verniz de seriedade ao catálogo da editora perante a mídia ou o público leitor. Para a mão invisível do mercado, poeta bom é poeta morto principalmente se morreu jovem e/ou de forma trágica. Se você possui alguma notoriedade como poeta no seu pequeno círculo de amigos escritores ou aficionados por literatura e se já inclusive publicou seus textos naquelas brochuras ridículas de 32 páginas porque seu dinheiro não deu para pagar mais, ou teve a sorte de algum jornalista vagamente conhecido seu publicar um poeminha de sua autoria no caderno especial de um grande jornal ou num jornal pequeno lá no Nordeste, fique sabendo que se você se jogar do alto de um prédio ou enfiar a cabeça num forno, certamente vai ganhar muito mais espaço de divulgação. Se você for craque mesmo, é provável até que consiga uma edição de tiragem limitada de sua obra póstuma. Agora, se o suicídio não está na agenda de sua estratégia de marketing (até porque você é covarde demais para isso) e você sabe que no pequeno mundo dos poetas maiores e poetas menores você não passa de mais um nanopoeta condenado a ouvir de sucessivos editores que o seu livro é muito bom mas infelizmente a programação para o ano já está fechada, então eu só posso sinceramente nos desejar boa sorte.