oooooooooooooooooooooooooooomemooooooooooooooooooooooooooo Memórias = Moçambique Em meados de 1969, cerca de três meses após haver casado, seduzido por um bom contrato de trabalho, abandonei a firma Engº. Gustavo Cudell, no Porto, onde desempenhava as funções de correspondente ultramarino, e assumi o encargo de secretário técnico no departamento de Mecânica e Electricidade na Barragem de Cabora Bassa, que começava então a construir-se no Songo, em Moçambique, onde cheguei a 23 de Julho. Decorrido mais ou menos um ano, logo que se ergueram as primeiras casas, a minha mulher veio viver comigo. Em 6 Setembro de 1972 nasce a minha primeira filha, Paula Ximenes. Novembro adiante, através de uma amizade que estabeleci com o gerente da delegação local do Banco Pinto Sottomayor, fui convidado para gerir a Cooperativa dos Agricultores de Algodão, em Nampula. O vencimento, emprego para minha mulher e as regalias que me ofereceram eram irrecusáveis. Não tinha ainda sequer aquecido o novo lugar, passados seis meses, a herdeira de Manuel Esteves Sucessores, Dona Joana Sarmento Esteves, uma das lídimas sócias da Cooperativa, convence-me a aceitar a administração da sua empresa na Ilha de Moçambique. Num cenário fabuloso e em vivência plena de flecidade, a 24 de Fevereiro nasce minha segunda filha Cristina Ximenes. Minha mãe preparava-se em Portugal para vir definitivamente para a nossa companhia. A 25 de Abril estala a revolução em Portugal. A conselho do major Vilas Boas, meu amigo e padrinho de baptismo da Cristina, suspendi a vinda de minha mãe, e em Maio seguinte, por precaução, minha mulher e as meninas regressaram a Portugal. Aguentei a minha vida na Ilha até ao limite impossível e não consegui salvar absolutamente nada de meus haveres e propriedades. Em Dezembro, dez dias antes do Natal, também regressei à Metrópole. Chegado ao Porto, quando tentei cambiar 6 milões de escudos moçambicanos, todas as entidades bancárias me recusaram transicionar o dinheiro. Convencido que acabaria por perder todo o pecúlio se deixasse passar mais tempo, aceitei uma oferta 600 mil escudos portugueses, exactamente uma décima parte do montante, que uma companhia de navegação negociou comigo. Em Maio de 1975, por relação de amizade com o engenheiro francês Pierre Brebant, de quem eu tinha sido assistente de departamento em Cabora Bassa, fiz as malas e fui para Paris com minha mulher e filhas. A partir daí tudo, tudo e toda a minha vida foram mudando abruptamente. A boa estrela e a felicidade que tinha vivivo começou a esgueirar-se a pouco e pouco... Moçambique... Meu amor Grito africano sem fim Que trago dentro de mim Para senti-lo melhor...
Moçambique além da dor Quando soubermos contar Porque fizemos amor Para depois estragar ! TORREdaGUIA = Portus Calle |