Novamente no Morro do Beleléu, no Núnicípio de Riacho de JáNãoRio ...
- Tia Ben-É, o Tia Bem-É !
- Mas você de novo muleque ? Que qui-é, hein ?
- É verdade que dessa vez a senhora tá concorrendo para presidenta da Associação dos MauOdores ?
- Que assassinação, muleque ? eu não vi nada, não sei de nada. Não vi quem matou nem quem morreu
- Como não sabe ? Tá todo mundo comentando aqui no Morro. Tão dizendo até que o voto tá valendo “cinquentinha”
- Mas ô povinho de língua solta, sô ! O combinado era pra ficar de boca fechada ...
- Ah! Então é verdade ? Tô nessa ! Também quero
- Que tá nessa, o quê, seu pirralho ? você nem tem idade pra votar
- Tenho sim senhora. Tá aqui meu Título de Eleitor e minha Carteira de Identidade, provando que eu sou de maior. Tudo autêntico e legal
- Mas você não tem nem doze anos. Deixa eu vê cá esses papéis.. Hum! Eu não sei lê bem e escrever menos ainda, mas isso aqui foi apagado com corretivo e escrito por cima: “é leitor do Núnicípio de Riacho de JáNãoRio, capital do Paraguai”. E você ainda diz que é autêntico e legal ? Isso é uma tremenda de uma falsificação;
- Pois é, foi o que eu disse. É autêntica. É uma “autêntica falsificação”. Obra prima do nosso artista nativo, Mica – o grafiteiro.
- Então não é legal
- Como não é legal? É claro que é legal. Toda colorida, plastificada e com foto digital. É legal “às pampas”
- Eu acho que você ta gozando com a minha cara, moleque
- Eu não senhora. A senhora que está me impedindo de exercer o meu dever cívico. Vou procurar meus direitos e vou lhe processar...
- O moleque, larga de ser besta, que você não sabe o que quer dizer metade dessas palavras que você falou. Tá inté parecendo missa encomendada.
- Missa não que eu sou é macumbeiro. Filho-de-Santo de Mãe Mitidinha do Beleléu
- Sarava, Meu Pai ! Com esse povo eu não quero brincadeira
- E aí ? a senhora vai ou não vai comprar o meu voto ? Olha que daqui a pouco o dólar sobe e eu vou ter que aumentar o meu preço
- Pois aumente o quanto quiser, que eu não vou comprar voto falso, que eu não sou besta
- Então eu vou negociar com o “Molequinho”, antes que a oferta fique maior que a demanda
- Que papo é esse ? quem tá fazendo oferenda pra quem ? e se quiser demandar, pode vir, porque o vento que venta lá, venta cá
- Não é nada disso, tia Bem-É. Eu quis dizer que já que daqui não vai sair nenhum “dindin”, então eu vou vender meu voto pro “Molequinho”, antes que ele compre dos outros e não precise mais do meu
- Mas aonde que ele vai arrumar mais votos, se eu já comprei os de todo mundo ?
- Diretamente do Re.... Pera aí! Essa informação vai lhe custar um pouquinho mais. Cem paus!
- Cem paus ? Nem pensar
- Então, tchau. Passar Bem.
- Tá bom, seu moleque safado. Desembucha
- Primeiro a grana
- Seu atrevido. Eu não estou prometendo pra você que vou pagar
- Promessa de político e o timinho do Flamengo é tudo igual, não vale nada
- Tá bom. Toma lá. Mas fala logo aonde o “Molequinho” vai arranjar mais votos
- No Reformatório “Juiz Lalau” para menores delinqüentes. O “Molequinho” comprou o pessoal da Comissão de Apuração e conseguiu colocar uma Zona Eleitoral dentro do Reformatório. Tá legalizando os “Títulos” da gangue toda e prometendo, que se for eleito, vai rever os processos de cada um, com muito carinho, libertar a grande maioria e oferecer aos que ficarem, cinco refeições ao dia, TV a cabo - de 29 polegadas – com canal pornô em cada cela, computador, fax, celular, selos para cartas, xerox, três vagas de emprego para parentes e o que é melhor, visita privê com as mulatas da Escola-De-Samba Pau Eneó Brazil
- Mas isso é muita mordomia pra dar pra bandidos, corruptos e safados. Essas vantagens só se dá a políticos
- Ué, tia Bem-É, no fundo não é tudo a mesma coisa ?
- Bem, é ...
|
