Brasília, 22/08/2004 – 21.; 50h
Sei que você gosta
desse meu ar descomposto,
desse jeito desajeitado,
desse sorriso maroto.
Todo mundo gosta.
E pra ser sincera a respeito,
até eu mesma faço gosto
em ser assim, deste jeito.
Mas vou te contar um segredo:
do outro lado tem uma sombra,
um bicho estranho que me assombra,
que dá medo e que nem eu aceito.
Não tem receita infalível,
nem remédio ou cura incrível,
que possa dar jeito nisso.
Assim, o melhor, eu insisto,
é um certo silêncio respeitoso,
um deixar no canto o cão raivoso,
um esperar, um deixar estar,
que uma hora seca o visgo,
e o riso volta a brilhar.
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