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Poesias-->Calendário Vencido -- 25/08/2004 - 18:44 (Elane Tomich) |
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CALENDÁRIO VENCIDO
Elane Tomich
Contramão da tempestade
grita em vão a ventania
como se em erro de súplica
a minha estrela guia,
rouca, pálida e lúbrica,
não ouvisse a voz que inflama
a fogueira das vontades.
Inteiro, um querer reclama!
Vejo-te à luz das vaidades
no revés da voz que clama
a ti em qualquer viagem,
a ti em qualquer roteiro
quando não tinhas bagagem
em teu estado primeiro.
Viajava um prazer passageiro!
Em novas divisões do tempo
em outras temperaturas,
difícil juntar fragmentos
do mesmo pó que invalida
tão repetida aventura.
O sonho, é o tormento da vida !
Vasculha meu sótão de intentos
um corte circundando a lida,
que impede-me neste momento
de chorar-te quando ias
a passeios legendários
Paisagens de calendário!
Do casulo, um não voa em sim
em meu peito há borboletas
ciranda de intenções incertas...
...Mas chove dentro de mim.
Rio em mim, foz repleta
Num lugar de amor morremos
no mesmo em que nascemos,
da mesma ilusão partida
da mesma carne ferida
sangrando em igual utopia.
Choro chuva decaída!
Sou filha de toada traída
és filho de um bandoneon
calado, semi exaurido
num choro chamado odeon...
Um réquiem anuncia a partida.
A luz do sol do meio dia
fere-me, impostora, alegria.
Perco-me em certos rincões
juntando cacos do dia,
a noite nos recompõe.
Juntos compomos mosaicos,
restos de um desejo arcaico.
Na parede, estampado, o dia!
A impetuosidade do medo
desenlaça nossos dedos
crucificados na dança
em pista pavimentada
de nossas futuras passadas.
Desejos em desclausura
calor de fogo que apura
ponto em fio de empreitada.
Não, à dor que reinicia!
No meio deste enredo,
confesso-te um segredo:
espero-te dentro da meta
do orgasmo solto na reta...
A seta acertou o medo!
Súplice uma dor diferente
pediu me, assim de repente,
para habitar minha saudade.
Perguntas a mim aonde vais,
contramão da tempestade.
Não sei. Só sei dos teus ais
no fogo das veleidades
onde em falsa negação
queimas semens de vaidades
em eterna purgação.
Crematório de degredos!
.
O cajado é a solução
pro ombro sem solução.
Não sei se somamos medos
ao desatar nossos dedos
nossas mãos, portas abertas
às linhas da vida incertas.
Arrisco-me em teu coração!
Num traço de alto risco
tento a ordem dos rabiscos.
Da lógica, um eu distraído
segue um verbo sem sentido
e meio objeto em riste.
De ti, apesar da saudade,
conquisto a liberdade
do direito de ser triste.
Mais um ai subtraído
do calendário vencido!
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