Levanta-te, arruma a fantasia
Que a vida vai passando no quintal
E logo não terás mais alegria
E logo acabará teu carnaval.
Machuca os pés descalços na folia,
Arranha, de gritar, teu par vocal.
Levanta-te, enfia a fantasia
Que a vida não te espera no varal.
Na rua, vive a tua fantasia:
Que só lhe trás amor teu madrigal,
Que o tempo não se escorre pela pia,
E as cinzas não existem, afinal.
Enquanto a noite dura, é tua a sorte
Mas quando ela se for, aceite o dia.
O tempo rasgará-te a fantasia
E a quarta-feira é certa, como a morte.
Rogério Penna
ago. 2004
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