Talvez o meu não seja o melhor dos pontos de vista, mas pode ter certeza de que é o que melhor se ajusta ao meu modo de ser, agir e pensar.
Não sou rico. Jamais pretendi sê-lo. O que sempre almejei foi poder viver sem desespero e, felizmente, tenho, com muita luta eu sei, conseguido assim, levar a minha vida.
Por alguns anos, lutei e consegui comprar um pequenino apartamento onde moro com minha família. Certamente não é nada parecido com qualquer dos palácios agora ocupados por nosso operário presidente. Mas lá, é meu palácio e lá, quem preside sou eu!
Antes que apanhe, quero deixar claro que ficam aqui devidamente respeitados os direitos e prerrogativas da primeira dama.
Deus me presenteou com duas filhas incrivelmente maravilhosas. Nunca foi preciso sequer uma palmada, para que se mantivessem dentro daquilo que optei por linha a seguir. Obviamente que optei também pelo método mais trabalhoso, o da conversa, o do diálogo. Muitas vezes foi difícil e até estressante, mas tenho hoje, nas minhas filhas, duas mulheres que confiam plenamente em mim e nas quais, minha confiança também é plena.
O retorno obtido com minha opção, me tem dado muita satisfação como pai. Ambas por toda a vida escolar foram ótimas estudantes e motivo de orgulho do paizão aqui.
Meu salário, sou funcionário público e, logicamente como tal, nunca foi dos melhores. Pior na atual conjuntura, sem aumento por oito anos e sem perspectiva alguma, as coisas me obrigam ao famoso bico. Não sou passarinho mas vou ter que dar minhas bicadas.
Graças a Deus, em meus 50 anos de vida, jamais fiz inimigos, por outro lado, não fiz muito amigos. São pouquíssimos os amigos que tenho da minha faixa etária. Talvez por opção deles. Não sei bem a razão, mas acredito eu, as pessoas felizes incomodam!
Outra opção que fiz em minha vida, foi a de crescer junto com minhas filhas. Em virtude desta opção, eu larguei tudo para acompanhar a vida delas.
Pode parecer estranho, mas a minha maior concentração de amigos são os jovens amigos de minhas jovens filhas.
Se houver uma festa, eles me convidam, se houver um programa, eu tenho que estar junto. Tem lá algumas vantagens, mas a que considero muito importante é me manter com espírito e linguagem jovem.
Não confundam com isso, o meu jeito de ser, sou um senhor de meia idade e me comporto como tal, apenas optei por manter-me moralmente jovem. Absolutamente não uso bermudão caindo, boné virado para tras, não falo gírias, não ando de skate, porém adoro motocicletas!
Sempre fui o pai mais presente das escolas que elas frequentaram, sempre fui o tio de todas as colegas. Porém, e sempre tem um porém, muitas das vezes eu era o pai que todas as amigas e amigos queriam. Este fato andou provocando alguns constrangimentos entre os papais e mamães.
Hoje, minhas filhas estão com 20 e 23 anos. Ainda assim, somos amigos e companheiros. Claro que a vida vai nos levando criando caminhos próprios.
A filha mais velha já está formada e tentando trabalho em sua área... já não é a minha praia.
A filha mais nova, falta pouco para se formar, outra praia mais estranha ainda.
Já não vou poder estar em praias tão distantes da minha.
Não se preocupe, não vou estar longe, não vou me afastar, continuarei sendo o paizão de sempre e continuarei tentando estar por perto, mas reconheço que a distància está crescendo e bem rápido.
Dizem os entendidos que pra toda medida há uma contra medida. Eu optei por ser diferente. Pra toda medida arranjei nova medida e minha esposa e eu estamos tentando adotar uma criança... Lá vou eu fazer na concepção da palavra "novos" amigos.
Lá vou eu ser novamente o pai mais frequente da escola, lá vou eu enfrentar festinhas e madrugadas sem dormir e, quem sabe, se o salário de servidor público ajudar, comprar novamente uma motocicleta e buscar o meu garotinho na escola.
Alguém tem outra definição para felicidade?
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