JANELA DA ALMA
Abro a janela do meu quarto,
A paisagem parede que se mostra,
Não me alegra, estabelece um fato!
A sensação prisão, que se apresenta,
Arranca do meu peito a liberdade.
Dos meus dias de criança...
Restam só saudades,
E esta vontade de voltar a rir...
De me tornar eu mesmo de novo,
De voltar a ser...
E nunca mais crescer!
Meu olhar vagueia
Entre as possibilidades de brinquedo,
Mas retumba em meu peito o calor,
Transformado em medo.
Aí, ao invés de riso, me faço sério...
Há muito não tenho tempo,
Para desvendar mistérios.
Minha vida, antes ávida,
Agora habita a profundeza
Do meu ser...
Se omite, inválida, do desejo...
Do que eu quero viver.
Argumento que cresci,
Que me tornei adulto.
E o riso que a minha criança,
Me lança,
Dói como um insulto!
Sei que minto,
Que na verdade não fui eu
Quem escolhi...
E a angústia que sinto,
Se me permitisse ser criança,
Veria que não deveria sentir.
Me escudo em afazeres,
No que é minha responsabilidade,
Mas, ainda assim,
Quando abro a janela,
Meu peito se expande,
E é só saudade.
Sou o que sou, o que a vida fez de mim,
Mas, meu peito ressoa e lacrimeja
Por não querer ser assim.
Guardo ainda em mim, a criança,
Que sei, um dia me resgatará.
Quando não puder agüentar
A ausência da minha infância.
Procuro ser o herói,
Que um dia, meu menino sonhou.
Só que os inimigos imaginados,
Monstros, maus soldados...
Hoje não são sonhos,
São o que minha vida criou.
Alimento meu guerreiro,
Com lágrimas saudosas, incontáveis,
Sua espada e escudo me protegem,
Fazendo a mim e a minha criança,
Almas reconciliáveis.
Espero um dia nos tornarmos,
De novo, apenas um.
E dos folguedos,
Dos quais já ouço os sons,
Partirei amante...
Sem remorso algum!
|