Salmo XXIII
Cybelli Bizarro Wanderley*
Senhor, dá-me a humildade
da ovelha, a docilidade
da ovelha, a mansidão
da ovelha, para que eu possa,
obediente, pertencer
ao Teu rebanho.;
ovelha do Bom Pastor,
não sentir falta das coisas fúteis,
inúteis, que penso que me faltam.
Conduzido pelo Teu cajado,
Hei de repousar meu corpo cansado
E minha alma dorida nas paisagens
Pastoris dos verdes campos
E ouvir a música das águas a cantar
Em seu contínuo perpassar
Por leito de seixos, a cumprir seu destino
De ir ao mar para se renovar.
Renovado também, de justiça e bondade
Saciado, hei de seguir alegre meu caminho
Por Ti destinado, mansamente conduzido
Tranqüilo e sereno por Teu bordão amparado.
Se as sombras da vida me encobrirem,
Se surgirem tristeza e dor
Desconfiança, insegurança, abandono
Perseguição, separação, inveja,
Traição, ingratidão, estarei
Protegido pela plenitude do Teu amor.
E ao chegar à mesa para mim já preparada,
Não faça eu dela motivo de orgulho e ostentação.;
Seja ela farta do Teu vinho e do Teu pão.;
Repleta de amigos, convidados,
Não falte ninguém na distribuição.
Agraciado e agradecido a todos
Que Tu enviaste para me ajudar,
Nos difíceis dias a me acompanhar,
Possa com eles repartir a graça
E o meu teto há de ser sempre um abrigo,
Pois que é Teu teto, meu Senhor. Amem.
(*) De São Carlos-SP. Livros publicados. Alguns poemas premiados. Pertence a União Brasileira de Letras e outras academias. Participante da Antologia de Poesias, Contos e Crônicas da Editora Scortecci [15a. Bienal Internacional do Livro de São Paulo/1998].
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