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Cronicas-->Perdido na Metrópole (11) Furos e o pipoqueiro fofoqueiro -- 01/04/2003 - 13:29 (Silvio Alvarez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Uma leitora enviou um e-mail pedindo para eu ser mais sincero em meus artigos e que assumisse que sou gordo. Gordo? Peso 58 Kg. Tenho 1,80 m de altura. Sou raquítico!

O erro foi meu. Um lapso apenas. Em um de meus últimos artigos escrevi: para eu ficar magro preciso de uns vinte quilos. O correto seria: para eu ficar magro preciso de uns vinte quilos a mais. Pedi desculpas.

Na verdade adorei ser gordo por alguns instantes, pela primeira vez em minha vida!

Ah! As palavras! Como são difíceis as palavras! Basta trocarmos uma apenas, para criarmos um incidente. Um conhecido foi me apresentar como cronista e soltou uma pérola! -Este aqui é meu amigo crónico. Crónico?

Ele não estava de todo errado. Sou um cronista crónico!

Uma amiga era a Pelé dos enganos verbais. Ela trocava tudo por distração, não por desconhecimento. Ditados populares eram suas vítimas preferidas. -Cão que late, tanto bate até que fura.

Eu não chego a ser um Pelé nesta área, mas sou um Ronaldo - O Fenómeno. Proferi ao diretor de uma rádio. -Vocês vão gostar muito deste CD quando realizarem uma auditoria em seus estúdios. Corrigi a tempo e a audição foi ótima!

Por falar em engano, aprendi que não devemos sair de casa sem programar tudo direitinho. Tenho acesso aos guias de programação cultural. Portanto, não posso culpar ninguém por enganos como os que serão descritos a seguir.

Em um dia que estava mais emotivo do que o normal, aceitei um convite para ir ao cinema. Não tomei o cuidado de ler a sinopse. Resultado: o filme continha, exagerando, 39 cenas de suicídio, 73 com choros compulsivos, 96 com surtos depressivos e um final trágico. Para alguém que adora alardear ter domado a depressão, como eu, o pano caiu. Não posso esquecer que choro até com comerciais de ração canina. Paguei a passagem do ónibus, no regresso ao lar, aos prantos. O cobrador deve ter pensado. Nossa! A passagem está cara mesmo!

Outro dia da mesma semana topei outro convite, desta vez para ir ao balé. Assistir, que fique bem claro! Não tenho o mínimo talento para a dança. A não ser em raves. Neste caso podemos dançar qualquer coisa que ninguém repara.

O balé era moderno. Não! Era mais que moderno! Uma vanguarda apocalíptica. Não sei o que era. Era um misto de dança com diálogos, em inglês. Entendi todos! Portanto, podem concluir que falavam o mínimo que alguém pode compreender do idioma de Tio Sam. No final do espetáculo, vaias. O corpo de baile era norte americano. A Americanofobia, nestes tempos de guerra, está tão exacerbada que provoca estes disparates. A qualidade do que vi era questionável. Não gostei. O que não justifica, em hipótese alguma, a reação da platéia.

A platéia que vaiou a apresentação, durante o espetáculo vaiou também este cronista, desta vez com propriedade: tomo um cuidado absurdo em desligar meu celular tijolo ao adentrar em qualquer recinto. Desta vez, porém, esqueci! Enquanto passava aquele aviso mais do que necessário, no telão do teatro, estava conversando distraidamente. Deu no que deu. Nem o pior dos times de futebol da décima divisão, foi alvo de manifestação igual. Todos me olharam como se tivesse cometido a maior atrocidade existente.

Ao sair do recinto, na avenida mais famosa da minha metrópole, decidi comprar um saco de pipocas. Deparei com uma preciosidade sociológica. Conheci o pipoqueiro utilidade pública. Enquanto permaneci frente ao seu concorrido carrinho ele prestou vários serviços, gratuitamente. -Onde fica a rua tal? Ele respondia com cordialidade e precisão. -Qual é o ónibus que vai para o bairro X? Estava na ponta da língua, dele. -O que está em cartaz no cinema Y? Ele não só dizia a programação de todas as salas, como o nome dos atores e diretores. Isto é incrível!

Aquele pipoqueiro sabia de tudo! As pessoas, saindo de seus escritórios, acenavam para ele com enorme carinho. O que não sabem é que o simpático sujeito divulga tudo o que sabe de suas vidas. Aquele comerciante informal me contou que o casal, que acabara de passar, estava divorciado, mas que tinha duas filhas gêmeas belíssimas e que o executivo transeunte cabisbaixo estava falido, cheio de dívidas.

Saí de fininho!

Ao me afastar do fofoqueiro nada informal, com metade do saco de pipocas ainda por devorar, resolvi jogar fora a embalagem e o que restava de seu conteúdo. Empanturrado, deparei com quatro latas de lixo. Uma de cada cor, com inscrições também diferentes: azul - papéis, amarela - metais, vermelha - plásticos e verde - vidros. Meus dois neurónios entraram em duelo. O saquinho era de papel. Mas, e a pipoca? Não era vidro, nem metal e muito menos, plástico. Poderia ser de isopor como alguns salgadinhos comercializados parecem ser. Não era o caso. Resolvi a questão sem sacrificar meu cérebro. Comi as pipocas restantes, joguei o invólucro no cesto azul e fui embora de cabeça erguida. Feliz!

Um cidadão exemplar! Viva a reciclagem!

Silvio Alvarez é assessor de imprensa da banda rock pop Yslauss, artista plástico de colagem e colunista. E-mail: silvioalvarez@terra.com.br
As ilustrações, que não são vistas neste site são de Bruno César: brunoartes@uol.com.br
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