Finalmente chegou o dia de partir para Brasília
Tudo arrumado na véspera, passagem na mão
Já tinha me despedido de todos
E esperava a hora para ir embora
Com aquela sua maneira simples
Meu pai falou pra mim
Que eu tivesse cuidado
E não sofresse com as coisas desse mundo
Que eu fosse um bom menino
Que eu trabalhasse muito
Que o nome do seu pai soubesse honrar
E nunca andasse com má companhia
Ainda não era dia e ele me dizia:
Deus te abençoe, te guarde,
Se mantenha sempre em sua companhia.
E eu lhe olhei nos olhos, eu lhe beijei a mão
Eu disse amém
E o meu abraço fez ele ouvir meu coração
E andando pela rua
Meu pai bem junto a mim
Olhava com ternura
A minha lágrima molhar minha jaqueta de jeans
Toda a minha bagagem
Num banco da rodoviária
Era de amor, coragem
As bênçãos do meu pai, a fé em Deus e um violão
E estabelecido em Brasília
Tristeza e alegria
Uma saudade imensa
E a solidão que eu ainda não conhecia
E o tempo foi passando
E fui compreendendo
Cada palavra dele
Daquela manhã do dia em que eu parti
E veio a primavera
E as flores do jardim
Enchiam de perfume
As cartas que chegavam dele pra mim
Mas hoje relendo-as
com sorrisos fico a recordar
E sempre me volta às emoções
e não sei por que me vem
essa vontade de chorar